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Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
Gideões da CCB Livre de Religião. :: Fórum para Ensinar como Ser Livre da Escravidão Religiosa! :: Matéria Sobre a Vinda do Reino de Deus!
Página 1 de 1
Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
Testimonium Flavianum
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Testimonium_Flavianum
Testimonium Flavianum (em português "Testemunho de Flávio"), é o nome dado a um trecho da obra Antiguidades Judaicas, escrita no século I d.C. pelo historiador judeu Flávio Josefo, que mencionam Jesus de Nazaré como o Cristo.
Testimonium Flavianum
Flávio Josefo, que viveu de 37 d.C. até o ano 100, de acordo com os textos que chegaram até nós teria se referido a Jesus como o Cristo em seu livro Antiguidades Judaicas, livro 18, parágrafos 63 e 64, escrito em 93 em grego koiné:
<blockquote>"Havia neste tempo Jesus, um homem sábio [se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer].
Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios.[Ele era o Cristo.] E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram;
[porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele].
E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."
(Indicado em negrito possíveis interpolações.)
</blockquote><blockquote>O texto original em grego koiné:
Γίνεται δὲ κατὰ τοῦτον τὸν χρόνον Ἰησοῦς σοφὸς ἀνήρ, εἴγε ἄνδρα αὐτὸν
</blockquote><blockquote> λέγειν χρή: ἦν γὰρ παραδόξων ἔργων ποιητής, διδάσκαλος ἀνθρώπων τῶν
ἡδονῇ τἀληθῆ δεχομένων, καὶ πολλοὺς μὲν Ἰουδαίους, πολλοὺς δὲ καὶ τοῦ
Ἑλληνικοῦ ἐπηγάγετο: ὁ χριστὸς οὗτος ἦν. καὶ αὐτὸν ἐνδείξει τῶν πρώτων
ἀνδρῶν παρ᾽ ἡμῖν σταυρῷ ἐπιτετιμηκότος Πιλάτου οὐκ ἐπαύσαντο οἱ τὸ
πρῶτον ἀγαπήσαντες: ἐφάνη γὰρ αὐτοῖς τρίτην ἔχων ἡμέραν πάλιν ζῶν τῶν
θείων προφητῶν ταῦτά τε καὶ ἄλλα μυρία περὶ αὐτοῦ θαυμάσια εἰρηκότων.
εἰς ἔτι τε νῦν τῶν Χριστιανῶν ἀπὸ τοῦδε ὠνομασμένον οὐκ ἐπέλιπε τὸ
φῦλον.
</blockquote>
I Jesus Cristo Nunca Existiu!
Os pesquisadores que se dedicaram ao estudo das origens do
cristianismo sabem que, desde o Século II de nossa era, tem sido posta
em dúvida a existência de Cristo.
Muitos até mesmo entre os cristãos
procuram provas históricas e materiais para fundamentar sua crença.
Infelizmente, para eles e sua fé, tal fundamento jamais foi conseguido,
porquanto, a história cientificamente elaborada denota que a existência
de Jesus é real apenas nos escritos e testemunhas daqueles que tiveram
interesse religioso e material em prová-la.
Desse modo, a existência, a vida e a obra de Jesus carecem
de provas indiscutíveis. Nem mesmo os Evangelhos constituem documento
irretorquível.
As bibliotecas e museus guardam escritos e documentos de
autores que teriam sido contemporâneos de Jesus, os quais não fazem
qualquer referência ao mesmo.
Por outro lado, a ciência histórica tem-se
recusado a dar crédito aos documentos oferecidos pela Igreja, com
intenção de provar-lhe a existência física. Ocorre que tais documentos,
originariamente, não mencionavam sequer o nome de Jesus; todavia, foram
falsificados, rasurados e adulterados visando suprir a ausência de
documentação verdadeira.
Por outro lado, muito do que foi escrito para provar a
inexistência de Jesus Cristo foi destruído pela Igreja, defensivamente.
Assim é que, por falta de documentos verdadeiros e indiscutíveis, a
existência de Jesus tem sido posta em dúvida desde os primeiros séculos
desta era, apesar de ter a Igreja tentado destruir a tudo e a todos os
que tiveram coragem ousaram contestar os seus pontos de vista, os seus
dogmas.
Por tudo isso é que o Papa Pio XII, em 955, falando para um Congresso Internacional de História em Roma, disse: “Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à história”.
Emílio Bossi, em seu livro intitulado “Jesus Cristo Nunca
Existiu”, compara Jesus Cristo a Sócrates, que igualmente nada deixou
escrito. No entanto, faz ver que Sócrates só ensinou o que é natural e
racional, ao passo que Jesus ter-se-ia apenas preocupado com o
sobrenatural.
Sócrates teve como discípulos pessoas naturais, de
existência comprovada, cujos escritos, produção cultural e filosófica
passaram à história como Platão, Xenófanes, Euclides, Esquino, Fédon.
Enquanto isso, Jesus teria por discípulos alguns homens analfabetos como
ele próprio tê-lo-ia sido, os quais apenas repetiriam os velhos
conceitos e preconceitos talmúdicos.
Sócrates, que viveu 5 séculos antes de Cristo e nada
escreveu, jamais teve sua existência posta em dúvida. Jesus Cristo, que
teria vivido tanto tempo depois, mesmo nada tendo escrito, poderia
apesar disso ter deixado provas de sua existência. Todavia, nada tem
sido encontrado que mereça fé. Seus discípulos nada escreveram. Os
historiadores não lhe fizeram qualquer alusão.
Além disso, sabemos que, desde o Século II, os judeus
ortodoxos e muitos homens cultos começaram a contestar a veracidade de
existência de tal ser, sob qualquer aspecto, humano ou divino. Estavam,
assim, os homens divididos em duas posições: a dos que, afirmando a
realidade de sua existência, divindade e propósitos de salvação,
perseguiam e matavam impiedosamente aos partidários da posição
contrária, ou seja, àqueles cultos e audaciosos que tiveram a coragem de
contestá-los.
O imenso poder do Vaticano tornou a libertação do homem da
tutela religiosa difícil e lenta. O liberalismo que surgiu nos últimos
séculos contribuiu para que homens cultos e desejosos de esclarecer a
verdade tentassem, com bastante êxito, mostrar a mistificação que tem
sido a base de todas as religiões, inclusive do cristianismo.
Surgiram também alguns escritos elucidativos, que por sorte haviam escapado à
caça e à queima em praça pública. Fatos e descobertas desta natureza
contribuíram decisivamente para que o mundo de hoje tenha uma concepção
científica e prática de tudo que o rodeia, bem como de si próprio, de
sua vida, direitos e obrigações.
A sociedade atualmente pode estabelecer os seus padrões de
vida e moral, e os seus membros podem observá-los e respeitá-los por si
mesmos, pelo respeito ao próximo e não pelo temor que lhes incute a
religião. Contudo, é lamentavelmente certo que muitos ainda se conservam
subjugados pelo espírito de religiosidade, presos a tabus caducos e
inaceitáveis.
Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal, criada para
fazer cumprir as escrituras, visando dar sequência ao judaísmo em face
da diáspora, destruição do templo e de Jerusalém.
Teria sido um arranjo
feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova crença.
Ultimamente, têm-se evidenciado as adulterações e falsificações
documentárias praticadas pela Igreja, com o intuito de provar a
existência real de Cristo.
Modernos métodos como, por exemplo, o método
comparativo de Hegel, a grafotécnica e muitos outros, denunciaram a má
fé dos que implantaram o cristianismo sobre falsas bases com uma
doutrina tomada por empréstimos de outros mais vivos e inteligentes do
que eles, assim como denunciaram os meios fraudulentos de que se valeram
para provar a existência do inexistente.
É de se supor que, após a fuga da Ásia Central, com o tempo
os judeus foram abandonando o velho espírito semita, para irem-se
adaptando às crenças religiosas dos diversos povos que já viviam na Ásia
Menor.
Após haverem passado por longo período de cativeiro no Egito, e,
posteriormente, por duas vezes na Babilônia, não estranhamos que tenham
introduzido no seu judaísmo primitivo as bases das crenças dos povos
com os quais conviveram.
Sendo um dos povos mais atrasados de então, e
na qualidade de cativos, por onde passaram, salvo exceções, sua
convivência e ligações seria sempre com a gente inculta, primária e
humilde. Assim é que, em vez de aprenderem ciências como astronomia,
matemática, sua impressionante legislação, aprenderam as superstições do
homem inculto e vulgar.
Quando cativos na Babilônia, os sacerdotes judeus que
constituíram a nata, o escol do seu meio social, nas horas vagas, iriam
copiando o folclore e tudo o que achassem de mais interessante em
matéria de costumes e crenças religiosas, do que resultaria mais tarde
compendiarem tudo em um só livro, o qual recebeu o nome de Talmud, o
livro do saber, do conhecimento, da aprendizagem.
Por uma série de
circunstâncias, o judeu foi deixando, aos poucos, a atividade de pastor,
agricultor e mesmo de artífice, passando a dedicar-se ao comércio.
A atividade comercial do judeu teve início quando levados
cativos para a Babilônia, por Nabucodonosor, e intensificou-se com o
decorrer do tempo, e ainda mais com a perseguição que lhe moveria o
próprio cristianismo, a partir do século IV.
Daí em diante, a
preocupação principal do povo judeu foi extinguir de seu meio o
analfabetismo, visando com isso o êxito de seus negócios. Deve-se a este
fato ter sido o judeu o primeiro povo no meio do qual não haveria
nenhum analfabeto. Destarte, chegando a Roma e a Alexandria,
encontrariam ali apenas a prática de uma religião de tradição oral,
portanto, terreno propício para a introdução de novas superstições
religiosas.
Dessa conjuntura é que nasceu o cristianismo, o máximo de
mistificação religiosa de que se mostrou capaz a mente humana.
O judeu da diáspora conseguiu o seu objetivo. Com sua
grande habilidade, em pouco tempo o cristianismo caiu no gosto popular,
penetrando na casa do escravo e de seu senhor, invadindo inclusive os
palácios imperiais.
Crestus, o Messias dos essênios, pelo qual parece
terem optado os judeus para a criação do cristianismo, daria origem ao
nome de Cristo, cristão e cristianismo. Os essênios haviam-se
estabelecido numa instituição comunal, em que os bens pessoais eram
repartidos igualmente para todos e as necessidades de cada um
tornavam-se responsabilidade de todos.
Tal ideal de vida conquistaria, como realmente aconteceu,
ao escravo, a plebe, enfim, a gente humilde. Daí, a expansão do
cristianismo que, nada tendo de concreto, positivo e provável, assumiu
as proporções de que todos temos conhecimento. Não tendo ficado restrita
à classe inculta e pobre, como seria de se pensar, começou a ganhar
adeptos entre os aristocratas e bem-nascidos.
De tudo o que dissemos, depreende-se que o cristianismo foi
uma religião criada pelos judeus, antes de tudo como meio de
sobrevivência e enriquecimento. Tudo foi feito e organizado de modo a
que o homem se tornasse um instrumento dócil e fácil de manejar, pelas
mãos hábeis daqueles aos quais aproveita a religião como fonte de
rendimentos.
Métodos modernos como, por exemplo, o método comparativo de
Hegel, a grafotécnica, o uso dos isótopos radioativos e
radiocarbônicos, denunciaram a má fé daqueles que implantaram o
cristianismo, falsificando escritos e documentos na vã tentativa de
provar o que lhe era proveitoso.
Por meios escusos tais como os citados,
a Igreja tornou-se a potência financeira em que hoje se constitui.
Finalmente, desde o momento em que surgiu a religião, com ela veio o
sacerdote que é uma constante em todos os cultos, ainda que recebam
nomes diversos.
A figura do sacerdote encarregado do culto divino tem
tido sempre a preocupação primordial de atemorizar o espírito dos povos,
apresentando-lhes um Deus onipotente, onipresente e, sobretudo,
vingativo, que a uns premia com o paraíso e a outros castiga com o
inferno de fogo eterno, conforme sejam boas ou más suas ações.
No cristianismo, encontraremos sempre o sacerdote afirmando
ter o homem uma alma imortal, a qual responderá após a morte do corpo,
diante de Deus, pelas ações praticadas em vida. Como se tudo não
bastasse, o paraíso, o purgatório dos católicos e o inferno, há ainda
que considerar a admissão do pecado original, segundo o qual todos os
homens ao nascer, trazem-no consigo.
Ora, ninguém jamais foi consultado a respeito de seu desejo
ou não de nascer. Assim sendo, como atribuir culpa de qualquer natureza
a quem não teve a oportunidade de manifestar vontade própria. Quanta
injustiça! Condenar inocentes por antecipação.
O próprio Deus e o
próprio Cristo revoltar-se-iam por certo ante tão injusta legislação, se
os próprios existissem. A todos os membros deste forum, diante dos fatos históricos, sobre o falso Messias Jesus Cristo, vamos deixar uma coisa bem clara:
- Se o Messias Jesus Cristo é um Messias solar da Era de peixe, falso, todos os nomes hebraicos que se dão a este Messias, é apenas um nome hebraico que se dá um ídolo pagão.
- Yahushua, Yehoshua, Yeshua, Yoshua, Yaohushua é apenas um nome hebraico que deram a este Messias solar e isto não anula o ídolo pagão que ele é. Entendemos irmãos! Toda glória e honra, somente ao Eterno Deus Criador, aleluia!
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Testimonium_Flavianum
Testimonium Flavianum (em português "Testemunho de Flávio"), é o nome dado a um trecho da obra Antiguidades Judaicas, escrita no século I d.C. pelo historiador judeu Flávio Josefo, que mencionam Jesus de Nazaré como o Cristo.
Testimonium Flavianum
Flávio Josefo, que viveu de 37 d.C. até o ano 100, de acordo com os textos que chegaram até nós teria se referido a Jesus como o Cristo em seu livro Antiguidades Judaicas, livro 18, parágrafos 63 e 64, escrito em 93 em grego koiné:
<blockquote>"Havia neste tempo Jesus, um homem sábio [se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer].
Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios.[Ele era o Cristo.] E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram;
[porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele].
E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."
(Indicado em negrito possíveis interpolações.)
</blockquote><blockquote>O texto original em grego koiné:
Γίνεται δὲ κατὰ τοῦτον τὸν χρόνον Ἰησοῦς σοφὸς ἀνήρ, εἴγε ἄνδρα αὐτὸν
</blockquote><blockquote> λέγειν χρή: ἦν γὰρ παραδόξων ἔργων ποιητής, διδάσκαλος ἀνθρώπων τῶν
ἡδονῇ τἀληθῆ δεχομένων, καὶ πολλοὺς μὲν Ἰουδαίους, πολλοὺς δὲ καὶ τοῦ
Ἑλληνικοῦ ἐπηγάγετο: ὁ χριστὸς οὗτος ἦν. καὶ αὐτὸν ἐνδείξει τῶν πρώτων
ἀνδρῶν παρ᾽ ἡμῖν σταυρῷ ἐπιτετιμηκότος Πιλάτου οὐκ ἐπαύσαντο οἱ τὸ
πρῶτον ἀγαπήσαντες: ἐφάνη γὰρ αὐτοῖς τρίτην ἔχων ἡμέραν πάλιν ζῶν τῶν
θείων προφητῶν ταῦτά τε καὶ ἄλλα μυρία περὶ αὐτοῦ θαυμάσια εἰρηκότων.
εἰς ἔτι τε νῦν τῶν Χριστιανῶν ἀπὸ τοῦδε ὠνομασμένον οὐκ ἐπέλιπε τὸ
φῦλον.
</blockquote>
I Jesus Cristo Nunca Existiu!
Os pesquisadores que se dedicaram ao estudo das origens do
cristianismo sabem que, desde o Século II de nossa era, tem sido posta
em dúvida a existência de Cristo.
Muitos até mesmo entre os cristãos
procuram provas históricas e materiais para fundamentar sua crença.
Infelizmente, para eles e sua fé, tal fundamento jamais foi conseguido,
porquanto, a história cientificamente elaborada denota que a existência
de Jesus é real apenas nos escritos e testemunhas daqueles que tiveram
interesse religioso e material em prová-la.
Desse modo, a existência, a vida e a obra de Jesus carecem
de provas indiscutíveis. Nem mesmo os Evangelhos constituem documento
irretorquível.
As bibliotecas e museus guardam escritos e documentos de
autores que teriam sido contemporâneos de Jesus, os quais não fazem
qualquer referência ao mesmo.
Por outro lado, a ciência histórica tem-se
recusado a dar crédito aos documentos oferecidos pela Igreja, com
intenção de provar-lhe a existência física. Ocorre que tais documentos,
originariamente, não mencionavam sequer o nome de Jesus; todavia, foram
falsificados, rasurados e adulterados visando suprir a ausência de
documentação verdadeira.
Por outro lado, muito do que foi escrito para provar a
inexistência de Jesus Cristo foi destruído pela Igreja, defensivamente.
Assim é que, por falta de documentos verdadeiros e indiscutíveis, a
existência de Jesus tem sido posta em dúvida desde os primeiros séculos
desta era, apesar de ter a Igreja tentado destruir a tudo e a todos os
que tiveram coragem ousaram contestar os seus pontos de vista, os seus
dogmas.
Por tudo isso é que o Papa Pio XII, em 955, falando para um Congresso Internacional de História em Roma, disse: “Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à história”.
Emílio Bossi, em seu livro intitulado “Jesus Cristo Nunca
Existiu”, compara Jesus Cristo a Sócrates, que igualmente nada deixou
escrito. No entanto, faz ver que Sócrates só ensinou o que é natural e
racional, ao passo que Jesus ter-se-ia apenas preocupado com o
sobrenatural.
Sócrates teve como discípulos pessoas naturais, de
existência comprovada, cujos escritos, produção cultural e filosófica
passaram à história como Platão, Xenófanes, Euclides, Esquino, Fédon.
Enquanto isso, Jesus teria por discípulos alguns homens analfabetos como
ele próprio tê-lo-ia sido, os quais apenas repetiriam os velhos
conceitos e preconceitos talmúdicos.
Sócrates, que viveu 5 séculos antes de Cristo e nada
escreveu, jamais teve sua existência posta em dúvida. Jesus Cristo, que
teria vivido tanto tempo depois, mesmo nada tendo escrito, poderia
apesar disso ter deixado provas de sua existência. Todavia, nada tem
sido encontrado que mereça fé. Seus discípulos nada escreveram. Os
historiadores não lhe fizeram qualquer alusão.
Além disso, sabemos que, desde o Século II, os judeus
ortodoxos e muitos homens cultos começaram a contestar a veracidade de
existência de tal ser, sob qualquer aspecto, humano ou divino. Estavam,
assim, os homens divididos em duas posições: a dos que, afirmando a
realidade de sua existência, divindade e propósitos de salvação,
perseguiam e matavam impiedosamente aos partidários da posição
contrária, ou seja, àqueles cultos e audaciosos que tiveram a coragem de
contestá-los.
O imenso poder do Vaticano tornou a libertação do homem da
tutela religiosa difícil e lenta. O liberalismo que surgiu nos últimos
séculos contribuiu para que homens cultos e desejosos de esclarecer a
verdade tentassem, com bastante êxito, mostrar a mistificação que tem
sido a base de todas as religiões, inclusive do cristianismo.
Surgiram também alguns escritos elucidativos, que por sorte haviam escapado à
caça e à queima em praça pública. Fatos e descobertas desta natureza
contribuíram decisivamente para que o mundo de hoje tenha uma concepção
científica e prática de tudo que o rodeia, bem como de si próprio, de
sua vida, direitos e obrigações.
A sociedade atualmente pode estabelecer os seus padrões de
vida e moral, e os seus membros podem observá-los e respeitá-los por si
mesmos, pelo respeito ao próximo e não pelo temor que lhes incute a
religião. Contudo, é lamentavelmente certo que muitos ainda se conservam
subjugados pelo espírito de religiosidade, presos a tabus caducos e
inaceitáveis.
Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal, criada para
fazer cumprir as escrituras, visando dar sequência ao judaísmo em face
da diáspora, destruição do templo e de Jerusalém.
Teria sido um arranjo
feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova crença.
Ultimamente, têm-se evidenciado as adulterações e falsificações
documentárias praticadas pela Igreja, com o intuito de provar a
existência real de Cristo.
Modernos métodos como, por exemplo, o método
comparativo de Hegel, a grafotécnica e muitos outros, denunciaram a má
fé dos que implantaram o cristianismo sobre falsas bases com uma
doutrina tomada por empréstimos de outros mais vivos e inteligentes do
que eles, assim como denunciaram os meios fraudulentos de que se valeram
para provar a existência do inexistente.
É de se supor que, após a fuga da Ásia Central, com o tempo
os judeus foram abandonando o velho espírito semita, para irem-se
adaptando às crenças religiosas dos diversos povos que já viviam na Ásia
Menor.
Após haverem passado por longo período de cativeiro no Egito, e,
posteriormente, por duas vezes na Babilônia, não estranhamos que tenham
introduzido no seu judaísmo primitivo as bases das crenças dos povos
com os quais conviveram.
Sendo um dos povos mais atrasados de então, e
na qualidade de cativos, por onde passaram, salvo exceções, sua
convivência e ligações seria sempre com a gente inculta, primária e
humilde. Assim é que, em vez de aprenderem ciências como astronomia,
matemática, sua impressionante legislação, aprenderam as superstições do
homem inculto e vulgar.
Quando cativos na Babilônia, os sacerdotes judeus que
constituíram a nata, o escol do seu meio social, nas horas vagas, iriam
copiando o folclore e tudo o que achassem de mais interessante em
matéria de costumes e crenças religiosas, do que resultaria mais tarde
compendiarem tudo em um só livro, o qual recebeu o nome de Talmud, o
livro do saber, do conhecimento, da aprendizagem.
Por uma série de
circunstâncias, o judeu foi deixando, aos poucos, a atividade de pastor,
agricultor e mesmo de artífice, passando a dedicar-se ao comércio.
A atividade comercial do judeu teve início quando levados
cativos para a Babilônia, por Nabucodonosor, e intensificou-se com o
decorrer do tempo, e ainda mais com a perseguição que lhe moveria o
próprio cristianismo, a partir do século IV.
Daí em diante, a
preocupação principal do povo judeu foi extinguir de seu meio o
analfabetismo, visando com isso o êxito de seus negócios. Deve-se a este
fato ter sido o judeu o primeiro povo no meio do qual não haveria
nenhum analfabeto. Destarte, chegando a Roma e a Alexandria,
encontrariam ali apenas a prática de uma religião de tradição oral,
portanto, terreno propício para a introdução de novas superstições
religiosas.
Dessa conjuntura é que nasceu o cristianismo, o máximo de
mistificação religiosa de que se mostrou capaz a mente humana.
O judeu da diáspora conseguiu o seu objetivo. Com sua
grande habilidade, em pouco tempo o cristianismo caiu no gosto popular,
penetrando na casa do escravo e de seu senhor, invadindo inclusive os
palácios imperiais.
Crestus, o Messias dos essênios, pelo qual parece
terem optado os judeus para a criação do cristianismo, daria origem ao
nome de Cristo, cristão e cristianismo. Os essênios haviam-se
estabelecido numa instituição comunal, em que os bens pessoais eram
repartidos igualmente para todos e as necessidades de cada um
tornavam-se responsabilidade de todos.
Tal ideal de vida conquistaria, como realmente aconteceu,
ao escravo, a plebe, enfim, a gente humilde. Daí, a expansão do
cristianismo que, nada tendo de concreto, positivo e provável, assumiu
as proporções de que todos temos conhecimento. Não tendo ficado restrita
à classe inculta e pobre, como seria de se pensar, começou a ganhar
adeptos entre os aristocratas e bem-nascidos.
De tudo o que dissemos, depreende-se que o cristianismo foi
uma religião criada pelos judeus, antes de tudo como meio de
sobrevivência e enriquecimento. Tudo foi feito e organizado de modo a
que o homem se tornasse um instrumento dócil e fácil de manejar, pelas
mãos hábeis daqueles aos quais aproveita a religião como fonte de
rendimentos.
Métodos modernos como, por exemplo, o método comparativo de
Hegel, a grafotécnica, o uso dos isótopos radioativos e
radiocarbônicos, denunciaram a má fé daqueles que implantaram o
cristianismo, falsificando escritos e documentos na vã tentativa de
provar o que lhe era proveitoso.
Por meios escusos tais como os citados,
a Igreja tornou-se a potência financeira em que hoje se constitui.
Finalmente, desde o momento em que surgiu a religião, com ela veio o
sacerdote que é uma constante em todos os cultos, ainda que recebam
nomes diversos.
A figura do sacerdote encarregado do culto divino tem
tido sempre a preocupação primordial de atemorizar o espírito dos povos,
apresentando-lhes um Deus onipotente, onipresente e, sobretudo,
vingativo, que a uns premia com o paraíso e a outros castiga com o
inferno de fogo eterno, conforme sejam boas ou más suas ações.
No cristianismo, encontraremos sempre o sacerdote afirmando
ter o homem uma alma imortal, a qual responderá após a morte do corpo,
diante de Deus, pelas ações praticadas em vida. Como se tudo não
bastasse, o paraíso, o purgatório dos católicos e o inferno, há ainda
que considerar a admissão do pecado original, segundo o qual todos os
homens ao nascer, trazem-no consigo.
Ora, ninguém jamais foi consultado a respeito de seu desejo
ou não de nascer. Assim sendo, como atribuir culpa de qualquer natureza
a quem não teve a oportunidade de manifestar vontade própria. Quanta
injustiça! Condenar inocentes por antecipação.
O próprio Deus e o
próprio Cristo revoltar-se-iam por certo ante tão injusta legislação, se
os próprios existissem. A todos os membros deste forum, diante dos fatos históricos, sobre o falso Messias Jesus Cristo, vamos deixar uma coisa bem clara:
- Se o Messias Jesus Cristo é um Messias solar da Era de peixe, falso, todos os nomes hebraicos que se dão a este Messias, é apenas um nome hebraico que se dá um ídolo pagão.
- Yahushua, Yehoshua, Yeshua, Yoshua, Yaohushua é apenas um nome hebraico que deram a este Messias solar e isto não anula o ídolo pagão que ele é. Entendemos irmãos! Toda glória e honra, somente ao Eterno Deus Criador, aleluia!
Última edição por Admin em Sex Jan 27, 2012 9:10 am, editado 1 vez(es)
Re: Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
II As Provas e as Contra Provas
A Igreja serviu-se de farta documentação, conforme já mencionamos
anteriormente, com intenção de provar a existência de Cristo. No
entanto, a história ignora-o completamente.
Quanto aos autores profanos
que pretensamente teriam escrito a seu respeito, foram nesta parte
falsificados. Por outro lado, documentos históricos demonstram sua
inexistência.
As provas históricas merecem nosso crédito, porque
pertencem à categoria dos fatos certos e positivos, e constituem
testemunhos concretos e válidos de escritores de determinadas escolas.
A interpretação da Bíblia e da mitologia comparada não
resiste a uma confrontação com a história. Flávio Josefo, Justo de
Tiberíades, Filon de Alexandria, Tácito, Suetônio e Plínio, o Jovem,
teriam feito em seus escritos, referências a Jesus Cristo?
Todavia, tais
escritos após serem submetidos a exames grafotécnicos, revelaram-se
adulterados no todo ou em parte, para não se falar dos que foram
totalmente destruídos.
Além disso, as referências feitas a Crestus,
Cristo ou Jesus, não são feitas exatamente a respeito do Cristo dos
Cristãos e sim, de um certo judeu chamado de Yeshua ou Yahushua.
Seria mesmo difícil estabelecer qual o Cristo seguido pelos
cristãos, visto que esse era um nome (Yeshua ou Yahushua) comum na Galileia e Judeia.
Vejam que os documentos mais antigos do mundo, em nenhum deles encontramos se quer um só homem com o nome intitulado Jesus Cristo e sim Yeshua ou Yahushua.
Segundo Tácito, judeus e egípcios foram expulsos de Roma
por formarem uma só e mística superstição cristã. As expulsões ocorreram
duas vezes no tempo de Augusto e a terceira vez no governo de Tibério,
no ano 19 desta era.
Tais expulsões desmentem a existência de Jesus,
porquanto, ocorreram quando ainda o nome de cristão aplicava-se a
superstição judaico-egípcia, a qual se confundiu com o cristianismo.
Filon de Alexandria, apesar de ter contribuído
poderosamente para a formação do cristianismo, seu testemunho é
totalmente contrário à existência de Cristo.
Filon havia escrito um
tratado sobre o Bom Deus — Serapis —, tratado este que foi destruído. Os
evangelhos cristãos a ele muito se assemelham, e os falsificadores não
hesitaram em atribuir as referências como sendo feitas a Cristo.
Os historiadores mostram que essa religião nasceu em
Alexandria, e não em Roma ou Jerusalém. Fazem ver que ela nasceu das
ideias de Filon que, platonizando e helenizando o judaísmo, escreveu boa
parte do Apocalipse.
A mesma transformação que o cristianismo dera ao
judaísmo ao introduzir-lhe o paganismo e a idolatria, Filon imprimira a
essa crença, até então apenas terapeuta, dando-lhe feição grega, de
cunho platônico.
Embora tenha sido de certo modo o precursor do
cristianismo, não deixou a menor prova de ter tomado conhecimento da
existência de Jesus Cristo, o mago rabi, e isto é lógico porque o
cristianismo só iria ser elaborado muito depois de sua morte.
Bastaria o silêncio de Filon para provar estarmos diante de
uma nova criação mitológica, de cunho metafísico. Entretanto,
escrevendo como cristão, os lançadores do cristianismo louvaram-se nas
suas ideias e escritos.
Tivesse Jesus realmente existido, jamais Filon
deixaria de falar em seu nome, descreveria certamente sua vida
miraculosa.
Filon relata os principais acontecimentos de seu tempo, do
judaísmo e de outras crenças, não mencionando, porém, nada sobre Jesus.
Cita Pôncio Pilatos e sua atuação como Procurador da Judeia, mas não se
refere ao julgamento de Jesus a que ele teria presidido.
Fala igualmente dos essênios e de sua doutrina comuna
dizendo tratar-se de uma seita judia, com mosteiro à margem do Jordão,
perto de Jerusalém.
Quando no reinado de Calígula esteve em Roma
defendendo os judeus, relata diversos acontecimentos da Palestina, mas
não menciona nada a respeito de Jesus, seus feitos ou sua sorte e
destino.
Filon, que foi um dos judeus mais ilustres de seu tempo, e
sempre esteve em dia com os acontecimentos, jamais omitiria qualquer
notícia acerca de Jesus, cuja existência, se fosse verdadeira, teria
abalado o mundo de então. Impossível admitir-se tal hipótese, portanto.
Por isso é que M. Dide fez ver que, diante do silêncio de
homens extraordinários como Filon, os acontecimentos narrados pelos
evangelistas não passam de pura fantasia religiosa. Seu silêncio é a
sentença de morte da existência de Jesus.
O mesmo silêncio se estende aos apóstolos, assinala Emílio
Bossi. Evidencia que tudo quanto está contido nos Evangelhos refere-se a
personalidades irreais, ideais, sobrenaturais de inexistentes
taumaturgos.
O silêncio de Filon e de outros se estende não apenas a
Jesus, mas também aos seus pretensos apóstolos, a José, a Maria, seus
filhos e toda a sua família.
Flávio Josefo, tendo nascido no ano 37, e escrevendo até 93
sobre judaísmo, cristianismo terapeuta, messias e Cristos, nada disse a
respeito de Jesus Cristo.
Justo de Tiberíades, igualmente não fala em
Jesus Cristo, conquanto houvesse escrito uma história dos judeus, indo
de Moisés ao ano 50.
Ernest Renan, em sua obra “Vie de Jesus”, apesar de
ter tentado biografar Jesus, reconhece o pesado silêncio que fizeram
cair sobre o pretenso herói do cristianismo.
Os Gregos, os romanos e os hindus dos séculos I e II jamais
ouviram falar na existência física de Jesus Cristo. Nenhum dos
historiadores ou escritores, judeus ou romanos, os quais viveram ao
tempo em que pretensamente teria vivido Jesus, ocupou-se dele
expressamente.
Nenhum dedicou-lhe atenção. Todos foram omissos quanto a
qualquer movimento religioso ocorrido na Judeia, chefiado por Jesus.
A história não só contesta a tudo o que vem nos Evangelhos,
como prova que os documentos em que a Igreja se baseou para formar o
cristianismo foram todos inventados ou falsificados no todo ou parte,
para esse fim.
A Igreja sempre dispôs de uma equipe de falsários, os
quais dedicaram-se afanosamente a adulterar e falsificar os documentos
antigos com o fim de pô-los de acordo com os seus cânones.
O piedoso e culto bispo de Cesareia, Eusébio, como muitos
outros tonsurados, receberam ordens papais para realizar modificações em
importantes papéis da época, adulterando-os e emendando-os segundo suas
conveniências.
Graças a esses criminosos arranjos, a Igreja terminaria
autenticando impunemente sua novela religiosa sobre Jesus Cristo, sua
família, seus discípulos e o seu tempo.
Conan Doyle imortalizou o seu personagem, Sherlock Holmes,
assim como Goethe ao seu Werther. Deram-lhes vida e movimento como se
fossem pessoas reais, de carne e ossos.
Muitos outros escritores
imortalizaram-se também através de suas obras, contudo, sempre ficou
patente serem elas pura ficção, sem qualquer elo que as ligue com a vida
real.
Produzem um trabalho honesto e honrado aqueles que assim
procedem, ao contrário daqueles que deturpam os trabalhos assinados por
eminentes escritores, com o objetivo premeditado de iludir a boa fé do
próximo.
E procedimento que, além de criminoso, revela a incapacidade
intelectual daqueles que precisam se valer de tais meios para alcançar
seus escusos objetivos.
Berson, citado por Jean Guitton em “Jesus”, disse que a
inigualável humildade de Jesus dispensaria a historicidade; entretanto,
erigiu os Evangelhos como documento indiscutível como prova, o que a
ciência histórica de hoje rejeita.
Só depois de muito entrado em anos é
que se tornaria indiferente para com a pirracenta crença religiosa dos
seus antepassados, como aconteceu com mentes excepcionalmente cultas,
tornadas ilustres pelo saber e pelo conhecimento e não apenas pelo
dinheiro.
Diante da história, do conhecimento racional e científico
que presidem aos atos da vida humana, muitos já se convenceram da
primária e irreal origem do cristianismo, o qual nada mais é do que uma
síntese do judaísmo com o paganismo e a idolatria greco-romana do século
I.
Graças ao trabalho de notáveis mestre de Filosofia e
Teologia da Escola de Tubíngen, na Alemanha, ficou provado que os
Evangelhos e mesmo toda a Bíblia não possuem valor histórico, pondo-se
em dúvida consequentemente tudo quanto a Igreja impôs como verdade sobre
Jesus Cristo.
Tudo o que consta dos Evangelhos e do Novo Testamento são
apenas arranjos, adaptações e ficções, como o próprio Jesus Cristo o
foi.
Através da pesquisa histórica e de exames grafotécnicos
ficou evidenciado que os escritos acima referidos são apócrifos. De
sorte que, não servindo como documentos autênticos, devem ser rejeitados
pela ciência.
Jean Guitton diz que o problema de Jesus varia e acordo
com o ângulo sob o qual seja examinado: histórico, filosófico ou
teológico.
A história exige provas reais, segundo as quais se
evidenciem os movimentos da pessoa ou do herói no palco da vida humana,
praticando todos os atos a ela concernentes, em todos os seus altos e
baixos.
Pierre Couchoud, igualmente citado por Guitton, sendo médico e
filósofo, considerou Jesus como tendo sido “a maior existência que já houve, o maior habitante da terra”, entretanto, acrescentou: “não existiu no sentido histórico da palavra: não nasceu. Não sofreu sob Pôncio Pilatos, sendo tudo uma fabulação mítica”.
A passagem de Jesus pela terra seria o milagre dos
milagres: “o continente, embora fosse o menor, contivera o conteúdo, que
era o maior!” A Filosofia quer fatos para examinar e explicar à luz da
razão, generalizando-o.
No que se refere à existência de Jesus, é
patente a impossibilidade de generalização, porquanto, na qualidade de
mito, como os milhares que o antecederam, sua personalidade é apenas
fictícia, por conseguinte, nenhum material pode oferecer à Filosofia
para ser sistematizado, aprofundado ou explicado.
No tocante à Teologia, cabe-lhe apenas a parte doutrinária
acerca das coisas divinas. A ela, interessa apenas incutir nas mentes os
seus princípios, sem, contudo, procurar neles o que possa existir de
concreto, o que inclusive seria contrário aos interesses materiais,
daqueles aos quais aproveita a religião.
Os Enciclopedistas mostraram
como eram tolos e irracionais os dogmas da Igreja, lembrando ainda que
ela era um dos mais fortes pilares do feudalismo escravocrata.
Voltaire mostrou as coincidências entre o Evangelho de João
e os escritos de Filon, lembrando ter sido ele um filósofo grego de
ascendência judia, cujo pai, um outro judeu culto, teria sido
contemporâneo de Jesus, se ele tivesse realmente existido.
A filosofia
religiosa de Filon era a mesma do cristianismo, tanto que inicialmente
foi cogitada sua inclusão entre os fundadores da nova crença. Contudo,
após exame rigoroso de sua obra, foram encontradas ideias opostas aos
interesses materiais dos lideres cristãos da época.
Devemos aos Enciclopedistas, bem como a Voltaire, o
incentivo para que muitos pensadores futuros pudessem desenvolver um
trabalho livre, na pesquisa da verdade.
As convicções de Voltaire são o
fruto de profundo estudo das obras de Filon. Os racionalistas,
posteriormente, servindo-se de seus escritos, concluíram que a Igreja
criou seus dogmas de acordo com a lenda e o mito, impondo-os a ferro e
fogo.
Bauer, aplicando os princípios hegelianos na Universidade
de Tubingen, concluiu que os Evangelhos haviam sido escritos sob a
influência judia, de acordo com seu gosto.
Posteriormente, interesses
materiais e políticos motivaram alterações nos mesmos. Em vista de tais
interesses é que Pedro, o pregador do cristianismo nascente, que era
pró-judeu, teve de ser substituído por Paulo, favorável aos romanos. E
Marcião teria sido o autor dos escritos atribuídos ao inexistente Paulo.
O mérito da Escola de Tubingen consiste em haver provado
que os Evangelhos são apócrifos, e assim não servem como documento
aceitável pela história.
Levando ao conhecimento do mundo livre que os
fundamentos do cristianismo são mistificações puras, os mestres da
referida Escola abalaram os alicerces de uma empresa, que há séculos
explora a humanidade crente, vendendo o nome de Deus a grosso e a
varejo.
Tudo nos leva a crer que, no futuro, o conhecimento
científico exigirá bases sólidas para todas as coisas, quando então as
religiões não mais prevalecerão, porquanto, não poderão contribuir para a
ciência ou para a história, com qualquer argumento sólido e fiel.
Ademais, não nos parece lógico que o homem atual, o qual já
atingiu um tão elevado nível de desenvolvimento, o que se verifica em
todos os setores do conhecimento, tais como científico, tecnológico e
filosófico, permaneça preso a crenças em deuses inexistentes, em mitos e
tabus.
Diz-se que a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos, do qual
se valem eles para provar a existência de seu Deus e Jesus Cristo, seu
filho unigênito, foi escrito sob a inspiração divina. O Próprio Deus
tê-lo-ia escrito, através de homens inspirados por ele, claro.
A
doutrina cristã ensina que Deus, além de onipotente, é onipresente e
onisciente. Sendo dotado de tais atributos — onisciência e onipresença
—, seria de se esperar que Deus, ao ditar aos homens inspirados o que
deveriam escrever, não se restringisse apenas ao relato das coisas,
fatos ou lugares então conhecidos pelos homens.
Sendo onipresente, deveria estar no universo inteiro.
Conhecê-lo e levá-lo ao conhecimento dos homens, e não apenas limitar-se
a falar dos povos ou lugares que todos conheciam ou sabiam existir.
Sendo onisciente, deveria saber de todas s coisas de modo certo,
correto, exato, e assim inspirar ou ensinar.
Todavia, aconteceu justamente o contrário. A Bíblia,
escrita por homens inspirados por Deus onipresente e onisciente, está
repleta de erros, os mais vulgares e incoerentes, revelando total
ignorância acerca da verdade e de tudo mais.
Vejamos apenas um exemplo. Diz a Bíblia que o sol, a lua e
as estrelas foram criadas em função da terra: para iluminá-la. Seria o
centro do universo, então, o que é totalmente falso. Hoje, ou melhor, há
muito tempo, todos sabemos que a terra é apenas um grão de areia
perdido na imensidão do universo, sendo mesmo uma das menores porções
que o compõe, inclusive dentro do sistema solar de que faz parte.
Como teria Josué feito parar o sol, a fim de prolongar o
dia e ganhar sua batalha contra os canamitas, sem acarretar uma
catástrofe? Decididamente, quem escreveu tais absurdos, sendo homem,
sujeito a falhas e erros, é perdoável.
Entretanto, sendo um Deus
onipresente e onisciente, ou por sua inspiração, é inconcebível. E mais
inconcebível ainda é que o homem moderno permaneça escravo desta ou de
qualquer outra religião.
Dispondo de modernos meios de difusão e
divulgação da cultura, o homem não pode ignorar o quanto é falsa a
doutrina cristã, além de absurda, o mesmo estendendo-se a qualquer outra
forma de culto ou religião.
Como entender que sendo Deus onipresente e
onisciente, não saberia que todos os corpos do universo possuem
movimento, e que este os mantém dentro de sua órbita, sem atropelos ou
abalroamento?
Quando Jeová resolveu disciplinar o comportamento dos
hebreus, marcou encontro com Moisés, no Monte Sinai, para lhe entregar
as tábuas da lei.
Fato idêntico acontecera muito antes, quando Hamurabi
teria recebido das mãos do deus Schamash a legislação dos babilônios no
século XVII a.C..
A mesma foi encontrada em Susa, uma das grandes
metrópoles do então poderoso império babilônio, encontrando-se
atualmente guardada no Museu do Louvre, em Paris.
No que concerne aos Evangelhos, foram escritos em número de
315, copiando-se sempre uns aos outros. No Concílio de Niceia, tal
número foi reduzido para 40, e destes foram sorteados os 4 que até hoje
estão vigorando.
A. Laterre, entre outros escritores, assinala ter sido o
Evangelho de Marcos o mais antigo, e haver servido de paradigma para os
outros, os quais não guardaram sequer fidelidade ao original, dando
margem a choques e entrechoques de doutrina.
Após o Evangelho de Marcos, começaram a surgir os demais
que, alcançando elevado número, foram reduzidos. A escolha não visou os
melhores, o que seria lógico, mas baseou-se tão-somente no prestigio
político dos bispos das regiões onde haviam sido compostos.
A. Laterre patenteou igualmente, em “Jesus e sua doutrina”,
que a lenda composta pelos fundadores do cristianismo, para ser
admitida pelos homens como verdade, fora copiada de fontes mitológicas
muito anteriores ao próprio judaísmo, remontando aos antigos deuses
hindus, persas ou chineses.
No século II, quando começou a aparecer a biografia de
Jesus, havia apenas o interesse político e material em se manter a sua
santa personalidade idealizada.
Constantino, no século IV, tendo
verificado que suas legiões haviam-se tornado reticentes no cumprimento
de suas ordens contra os cristãos, resolveu mudar de tática e aderir ao
cristianismo.
Percebendo que os bispos de Alexandria, Jerusalém, Edessa e
Roma tinham a força necessária para fazer-lhe oposição, sentiu-se na
contingência de ceder politicamente, com o objetivo de conseguir
obediência total e unificar o império.
De sorte que sua adesão ou
conversão ao cristianismo não se baseou em uma convicção intima,
espiritual, porém, resultou de conveniências políticas.
Embora não crendo na religião cristã, percebeu que a cruz
dar-lhe-ia a força que lhe faltava para tornar-se o imperador único e
obedecido cegamente.
Daí a história do sonho que tivera antes de uma
batalha, segundo o qual vira a cruz desenhada no céu e estas palavras
escritas abaixo: “in hoc signo vincis”, com este sinal, vencerás. Não
era cristão verdadeiro, apenas fingia sê-lo para conseguir os seus
objetivos.
Dujardin conta-nos que o cristianismo só surgiu a partir do
ano 30, graças a um rito em que se via a morte e a ressurreição de
Jesus, o qual seria uma divindade pré-cristã.
Nesta seita, os seus
adeptos denominavam-se apóstolos, significando missionários, os que
traziam uma mensagem nova. Os apóstolos desse Jesus juravam terem-no
visto, após sua morte, ressuscitar e ascender ao céu. Entretanto, não
era este o Jesus dos cristãos.
O Padre Aífred Loisy, diante do enorme descrédito que o
mito do cristianismo vinha sofrendo nos meios cultos de Paris, resolveu
pesquisar-lhe as origens, visando assim desfazer as objeções
apresentadas de modo seguro e bem fundamentado.
Buscava a verdade para
mostrá-la aos demais. Entretanto, ao fazer seus estudos, o Padre Loisy
constatou que realmente a crítica havia se baseado em fatos
incontestáveis.
Por uma questão de honra, não poderia ocultar o
resultado de suas pesquisas, publicando-o logo em seguida. Sendo tal
resultado contrário fundamentalmente aos cânones da Igreja, foi expulso
de sua cátedra de Filosofia, na Universidade de Paris, e excomungado
pelo Papa, em 1908.
O Pe. Loisy havia concluído que os documentos nos quais a
Igreja firmara-se para organizar sua doutrina provieram do ritual
essênio.
Jesus Cristo não tivera vida física. Era apenas o
reaproveitamento da lenda essênia do Crestus, o seu Messias.
Verificou-se também que as Paulinianas, de origem insegura, haviam sido
refundidas em vários pontos fundamentais e por diversas vezes, antes de
serem incluídas definitivamente nos Evangelhos.
Do mesmo modo chegou à
conclusão de que os Evangelhos não poderiam servir de base para a
história, nem para provar a vida de Jesus, dada a sua inautenticidade.
Por sorte sua, já não mais existia a Santa Inquisição; do
contrário, o sábio Padre Loisy teria sido queimado vivo. Os documentos
relativos ao governo de Pilatos, na Judeia;
Nada relatam a respeito de
alguém que, se intitulando de Jesus Cristo, o Messias ou o enviado de
Deus, tenha sido preso, condenado e crucificado com assentimento ou
mesmo contra sua vontade, conforme narram os evangelhos.
Não tomou
conhecimento jamais de que um homem excepcional praticasse coisas
maravilhosas e sobrenaturais, ressuscitando mortos e curando doentes ao
simples toque de suas mãos, ou com uma palavra, apenas.
Se Pôncio Pilatos, cuja existência é real e historicamente
provável, que estava no centro dos acontecimentos da época como
governador da Judeia, ignorou completamente a existência tumultuada de
Jesus, é que de fato ele não existiu.
Alguém que, pelos atos que lhe são
atribuídos, chega mesmo ao cúmulo de ser aclamado “Rei dos Judeus” por
uma multidão exaltada, como ele o foi, não poderia passar despercebido
pelo governador da região.
O imperador Tibério, inclusive, jamais soube de tais
ocorrências na Judeia. Estranho que ninguém o informasse de que um povo,
que estava sob o seu domínio, aclamava um novo rei. Ilógico. A ele,
Tibério, é que caberia nomear um rei, governador ou procurador.
Prosper Alfaric, em L’Ecole de la Raison, assinala as
invencíveis dificuldades do cristianismo em conciliar a fé com a razão.
Por isso, a nova crença teve de apoderar-se das lendas e crenças dos
deuses solares, tais como Osíris, Mitra, Ísis, Átis e Hórus, quando da
elaboração de sua doutrina.
Expôs, igualmente, que os documentos
descobertos em Coumrã, em 1947, eram o elo que faltava para patentear
que Cristo é o Crestus dos essênios, uma outra seita judia.
O cristianismo nada mais é, então, do que o sincretismo das
diversas seitas judias, misturadas às crenças e religiões dos deuses
solares, por serem as religiões que vinham predominando há séculos.
A
palavra “evangelho” em grego significa “boa nova”, já figura na Odisseia
de Homero, Século XII, a.C.. Foi depois encontrada também numa
inscrição em Priene, na Jônia, numa frase comemorativa e de endeusamento
de Augusto, no seu aniversário, significando a “boa nova” no trono.
E isto ocorreu muito antes de idealizarem Jesus Cristo.
Conforme já mencionamos anteriormente, no inicio do
cristianismo, os evangelhos eram em número de 315, sendo posteriormente
reduzidos para 4, no Concílio de Niceia.
Tal número indica perfeitamente
as várias formas de interpretação local das crenças religiosas da orla
mediterrânea acerca da ideia messiânica lançada pelos sacerdotes judeus.
Sem dúvida, este fato deve ter levado Irineu a escrever o seguinte:
“Há
apenas 4 Evangelhos, nem mais um, nem menos um, e que só pessoas de
espírito leviano, os ignorantes e os insolentes é que andam falseando a
verdade”. A verdade da Igreja, dizemos nós.
Havia, então, os Evangelhos dos naziazenos, dos judeus, dos
egípcios, dos ebionistas, o de Pedro, o de Barnabé, entre outros, os
quais foram queimados, restando apenas os 4 sorteados e oficializados no
Concílio de Niceia.
Celso, erudito romano, contemporâneo de Irineu,
entre os anos 170 e 180, disse: “Certos fiéis modificaram o primeiro texto dos Evangelhos, três, quatro e mais vezes, para poder assim subtrai-los às refutações”.
Foi necessária uma cuidadosa triagem de todos eles, visando
retirar as divergências mais acentuadas, sendo adotada a de Hesíquies,
de Alexandria; e de Pânfilo, de Cesaréía e a de Luciano, de Antióquia.
Mesmo assim, só na de Luciano existem 3500 passagens redigidas
diferentemente. Disso resulta que, mesmo para os Padres da Igreja, os
Evangelhos não são fonte segura e original.
Os Evangelhos que trazem a palavra “segundo”, que em grego é
“cata”, não vieram diretamente dos pretensos evangelistas. A discutível
origem dos Evangelhos explica porque os documentos mais antigos não
fazem referência à vida terrena de Jesus.
Nos Evangelhos, as
contradições são encontradas com muita frequência. Em Marcos, por
exemplo, em 1:1-17: “a linhagem de Jesus vem de Abraão, em 42 gerações”;
ao passo que em Lucas 2:23-28 lê-se que proviera diretamente de Adão e
Eva, sendo que de Abraão a Jesus teriam havido 43 gerações.
Eusébio, comentando o assunto e não sabendo como dirimir a
questão, disse: “Seja lá o que for, só o Evangelho anuncia a
verdade”.(?)
Tais divergências, entretanto, parecem indicar que os
Evangelhos não se destinavam inicialmente à posteridade, visando
tão-somente a catequese imediata de povos isolados uns dos outros. Os
escritos destinados a um povo dificilmente seriam conhecidos dos outros.
O Evangelho de Mateus teria sido destinado aos judeus,
arranjado para agradá-los. Por isso, não fala nos vaticínios nem no
Messias. Por isso ainda é que puseram na boca de Jesus as palavras
seguintes:
“Não vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para
cumpri-las”. Tudo indica ter sido feito em Alexandria, porquanto, o
original em hebraico jamais existiu.
Baur provou, entretanto, que as
Epístolas são anteriores aos Evangelhos e o Apocalipse, o mais antigo de
todos, do ano 68. Todos os escritos do cristianismo desse tempo falam
apenas no Logos, o Cordeiro Pascoal, imolado desde o princípio dos
tempos, referindo-se à personalidade ideal de Jesus Cristo.
Justino, filósofo e apologista cristão, escrevendo em torno
do ano 150, não emprega a palavra Evangelho nem uma vez. Isto mostra
que ele, ainda nessa época, ignorava-a, não tendo conhecimento de sua
existência. Justino ignorava igualmente as paulinianas, Paulo e os Atos
dos apóstolos, o que prova que foram inventados posteriormente.
Marcião, no ano de 140, trouxe as Epístolas a Roma, as
quais não foram inicialmente consideradas merecedoras de fé. Sofreu
rigorosa triagem, sendo cortada muita coisa que não convinha à Igreja.
Marcião fora contemporâneo de Justino.
As Epístolas trazidas por ele
eram endereçadas aos Romanos, aos Gálatas e aos Coríntios. Apresentavam
Jesus como um Deus encarnado.
Teria nascido de uma mulher e sofrera o
martírio para resgatar os pecados da humanidade, isto é, dos ocidentais,
porque os orientais não tomaram conhecimento da personalidade de Jesus,
seus milagres e sua pregação e do seu romance religioso.
Engels constatou que as Epístolas são 60 anos mais novas do
que o Apocalipse. E, ainda, os cristãos contrários ao bispo de Roma
rejeitaram-nas durante séculos.
Foi o que se deu com os ebionitas e os
severianos, conforme Eusébio escreveu e Justino confirmou. O Apocalipse
fala em um cordeiro com sete cornos e sete olhos, o qual foi imolado
desde a fundação do mundo (13-8. O Apocalipse foi composto apenas em
68, sendo o mais antigo de todos os escritos cristãos.
Lutero e Swinglio disseram que o Apocalipse foi incluído
nos Evangelhos por engano, tendo a Igreja de inventar, por isso, a ordem
cronológica dos seus livros.
Hoje se pode provar que o Apocalipse
surgiu entre os anos 68 e 70; os Evangelhos, no século II, e os Atos dos
Apóstolos são os mais recentes de todos.
Eusébio em sua “História
Eclesiástica”, 4-23, diz: “Compus as Epistolas conforme a vontade do
irmão: mas os ‘apóstolos do diabo’ tacharam-nas de inverídicas
contando-lhes certas coisas e acrescentando outras”.
Irineu, ao mesmo tempo, ordenava ao copista: “Confronta
toda cópia com este original utilizado por ti, e corrige-a
cuidadosamente”.
Não te esqueças de reproduzir em tua cópia o pedido que
te faço. Essas citações servem para medirmos que tipo de santidade
havia entre os bispos e seus calígrafos, na arte eusebiana de eméritos
falsificadores de documentos importantes.
Com isto, deram autenticidade a todas as invencionices do
cristianismo e legitimaram sua liderança na posse material do que
pertencia aos outros.
Irineu ainda registrou o seguinte: “Ouvi dizer que
não acreditam esteja isto nos Evangelhos, se não se encontrar nos
arquivos”. Ao que Eusébio respondera: “É preciso demonstrá-lo”.
Uma excelente prova da existência de Jesus seria uma
comunicação feita por Pilatos a seu respeito. Entretanto, tal documento
não existe.
Justino, instado pelos falsificadores, referiu-se a Jesus,
contudo, dada a sua honradez pessoal, no caso do seu escrito ser
autêntico, fê-lo de modo inseguro e hesitante. Tertuliano, que é mais
seguro do que ele, afirmou que esse valioso documento deverá ser
encontrado nos arquivos imperiais.
Contudo, a Igreja apesar de haver se
apoderado de Roma a partir do século IV, não teve a coragem de
apresentar essa indispensável joia documentária, a qual de certo seria
refutada pela ciência e pelo conhecimento.
Mesmo assim, a partir do século IV, essa prova espúria foi
produzida; contudo, a Igreja não teve a petulância de submetê-la à
grafotécnica.
Daniel Rops, embora fosse um apaixonado cristão,
reconheceu a veracidade dessa falsificação dizendo que: “a que
arranjaram era uma carta enviada a Cláudio, que reinou de 41 a 44, e não
a Tibério, sob cujo governo Pilatos fora Procurador da Judeia”.
No Apocalipse João, escreveu: “Se alguém acrescentar alguma
coisa nisto, Deus castigará com as penas descritas neste livro; se
alguém cortar qualquer coisa, Deus cortará sua parte na árvore da vida e
na cidade santa descrita neste livro”.
Ai está mais uma prova de como
as falsificações eram usuais na fase da Igreja nascente. O mais
interessante é essa gente falar em Deus, como se fosse coisa cuja
existência já tivesse sido provada, não se justificando mais que o
conhecimento e a razão estudassem as bases dessa existência.
Os padres mostravam-se estar de tal modo familiarizados com
Deus e sua vontade que por isso achavam certo e justo julgar e queimar
vivos a todos os que deles discordassem.
Entretanto, embora dessem a
impressão de estar em contato com Deus, usavam de processos criminosos,
dos quais todos os ociosos usam para sacar contra o seu meio social.
Assim é que hoje se pode provar que o cristianismo foi construído sobre
um terreno atapetado de mentiras, falsificações e mistificações.
O Novo Testamento atualmente oficializado é cópia de um
texto grego do século IV. É exatamente o sinótico descoberto em 1859, em
um convento do Monte Sinai, onde vem informada a origem grega.
Os
originais do mesmo estão guardados nos museus do Vaticano e de Londres.
Foram publicados com as devidas corrigendas, feitas por Hesíquios, de
Alexandria.
Um papiro encontrado no Egito, em 1931, apresenta-nos uma
ordem cronológica totalmente diferente da oficializada pela Igreja.
Atualmente, as fontes testamentárias aceitáveis são as do século II em
diante, provindas de Justino, Taciano, Atenágoras, Irineu e outros, os
quais são considerados os verdadeiros criadores do cristianismo.
Taciano foi o “bem amado” discípulo de Justino. Ele,
entretanto, omite a genealogia de Jesus, dizendo apenas que ele
descendia de reis judeus, de modo muito vago, divergindo assim da
orientação oficializada. Irineu foi que sistematizou o cristianismo.
Foi
ele a fonte em que Eusébio inspirou-se. Por isso é que daí em diante
seria obrigatória a confrontação entre os dois textos.
O bispo de
Cesareia fora encarregado pelo todo poderoso bispo de Roma de falsificar
tudo quanto prejudicasse os interesses materiais da Igreja de então. De
modo que, por onde passou a mão de Eusébio, foi tudo conspurcado
criminosamente contra a verdade.
Eusébio foi realmente um bispo que cria apaixonadamente na
divindade de Jesus Cristo, contudo, já conhecia o poder que possuía o
bispo de Roma. Graças a Eusébio e outros iguais a ele, tornou-se uma
temeridade descrer-se na verdade oficializada pela Igreja.
Após tantas
falsificações, todos ficaram realmente inseguros quanto à verdadeira
origem do cristianismo, tal a tumultuação impressa por Eusébio.
Tertuliano e Clemente de Alexandria lutaram um pouco para
sanar essas fontes, anulando boa parte do que restara das criminosas
unhas de Eusébio. Jacob Buckhardt, examinando essa documentação,
concluiu que o Novo Testamento merece confiança.
Em Coumrã, em 1947, como á vimos, foram encontrados
documentos com escrita em hebraico e não em grego, falando em Crestus
não em Cristo.
Ali, Habacuc refere-se à perseguição sofrida por essa
seita judia, assim como a morte de Crestus, igualmente traído por Judas,
um sacerdote dissidente.
A Igreja, ao ter conhecimento da existência de
tais documentos, pretendeu informar que Crestus era o Cristo de sua
criação, contudo, verificou-se que eles datavam de pelo menos um século
antes do lançamento do romance do Gólgota.
Além disso, continham
revelações contrárias aos interesses da Igreja. Eles relatam as lutas de
morte em que viviam as diversas seitas do judaísmo.
A Didaquê não pôde entrar nos Evangelhos, devendo silenciar
completamente a respeito da pretensa passagem de Jesus pela terra.
De
qualquer forma, a lenda que existia em torno no nome de Crestus foi
aproveitada na época porque, sendo uma seita comunista, suas pregações
iriam servir para atrair ao cristianismo a atenção dos escravos, em luta
contra os seus senhores, a eterna luta do pobre contra o rico.
Escavações feitas em Jerusalém desenterraram velhos
cemitérios, onde foram encontradas muitas cruzes do século I e mesmo
anteriores.
Todavia, apesar de já ser usada nessa época, só a partir do
século IV é que a Igreja iria oficializá-la como seu emblema.
Levantamentos arqueológicos posteriores provariam que a cruz já era um
piedoso emblema usado desde há milênios.
Orígenes, polemizando contra Celso, um dos mais cultos
escritores romanos de seu tempo, e que mais combateram as bases falsas
da Igreja e de Jesus Cristo, acusa Flávio Josefo por não haver admitido a
existência de Jesus.
Flávio não poderia referir-se a Jesus nem ao
cristianismo porque ambos foram arranjados depois de sua morte. Assim,
os livros de Flávio que falam de Jesus foram compostos, ou melhor,
falsificados muito tempo após sua morte, no decorrer do século III,
conforme as conclusões alcançadas pelos mestres da Escola de Tubingen.
Sêneca, que foi preceptor de Nero, suicidando-se para não
ser assassinado por ele, já pensava mais ou menos como os cristãos.
Do
que se conclui que as ideias de que se serviu o cristianismo para se
fundamentar são emprestadas das lendas que giravam em torno de outros
Cristos Messias, assim como de outros cultos. Nada tendo, portanto, de
original. Sêneca acreditava em um Deus único e imaterializável.
Por tudo isso, vemos que os líderes do cristianismo nada
mais fizeram do que se apropriar das ideias já existentes. Apenas
tiveram o cuidado de promover as modificações necessárias, com vistas a
melhor consecução dos seus objetivos materiais.
Sêneca, embora não
fazendo em seus escritos qualquer alusão à existência de Jesus Cristo,
teve muitos de seus escritos aproveitados pelo cristianismo nascente.
Em Tácito, escritor do século II, encontram-se referências a
respeito de Jesus e seus adeptos. Contudo, exames grafotécnicos
demonstraram que tais referências são falsas, e resultam de visível
adulteração dos seus escritos.
Suetônio, que existiu quando Jesus teria
vivido, escreveu a “História dos Doze Césares”, relatando os fatos de
seu tempo. Referindo-se aos judeus e sua religião, apenas falou em
“distúrbios de judeus exaltados em torno de Crestus”.
Por aí se vê que
ele não se referia aos cristãos, porquanto, eles sempre se mostraram
humildes e obedientes à ordem constituída, evidentemente a fim de
passar, tanto quanto possível, despercebidos. Desse modo, iriam
solapando o poder imperial, manhosamente, como realmente aconteceu.
Suetônio escreveu ainda que haviam supliciado alguns
cristãos que eram gente que se dedicava demasiado a tolas superstições,
orientadas por uma ideia malfazeja.
Disse mais que Nero tivera de mandar
expulsar os judeus de Roma, porque eles estavam sempre se sublevando,
instigados por Crestus. Os cristãos estavam sempre organizados de modo a
atrair aos escravos, sem, contudo, desagradar às autoridades.
Assim
sendo, jamais provocariam tumultos. Os cristãos aos quais Suetônio
refere-se poderiam ser os zilotas, os essênios ou os terapeutas, mas
nunca os cristãos de Jesus Cristo, porquanto, conforme já dissemos
acima, os cristãos eram ensinados a não provocar desordens.
Plínio, o Jovem, viveu entre os anos 62 e 113, tendo sido
subpretor da Bitínia. Na carta enviada ao imperador, perguntava como
agir em relação aos cristãos, ao que Trajano teria respondido que agisse
apenas contra os que não renegassem à nova fé.
Entretanto, não ficou
evidenciado a quais cristãos, exatamente, eram feitas as referências: se
aos crestãos ou aos cristãos.
De qualquer forma, a carta em questão,
após ser submetida a exames grafotécnicos e métodos rádio-carbônicos,
revelou haver sido falsificada.
Justiniano, Imperador romano, mandou queimar os escritos de
Porfírio, através de um edito, em 448, alegando que: “impelido pela
loucura, escrevera contra a santa fé cristã”.
Vespasiano, ao morrer, disse: “Que desgraça! Acreditei que
me havia tornado um deus imortal!”. Suas palavras justificam-se pela
credulidade supersticiosa.
Partindo do preceito ensinado pelos judeus,
aliás, um falso preceito, de que Cristo havia subido ao céu com corpo e
alma, não seria de estranhar que os imperadores pretendessem tornar-se
deuses, a fim de escapar ao inapelável destino dos que nascem: a morte.
Calígula, por isso, fizera-se coroar como Deus-Sol, o Sol
Invictus, o Helius. Nessa época o Império romano, embora em declínio,
ainda dominava uma porção de províncias afastadas de Roma.
O homem
espoliado pela força bruta, unificada em torno das regiões, sentindo não
ser possível contar com a justiça humana, passa a esperar pela justiça
dos deuses. Mas, mesmo assim, teriam de apelar para os deuses dos pobres
e não dos ricos, privilegiados e poderosos.
Conta a lenda que Osíris, o deus solar dos egípcios, foi
morto por seu irmão Seth, o qual dividiu o corpo em 14 pedaços e os
espalhou pelo mundo afora. Ísis, sua esposa e irmã, saiu em busca dos
pedaços, levando seu filho Hórus ao colo.
Todos os anos o povo fazia a
festa de Ísis, relembrando o acontecimento. Havendo conseguido juntar
todas a partes do corpo, Osíris ressuscitou, passando a ser incensado
como o deus da morte e da sombra. Fora uma ressurreição conseguida pelo
amor da esposa.
Ísis separou a terra do céu, traçou a órbita dos astros,
criou a navegação e destruiu todos os tiranos. Comandava os rios, as
vagas e os ventos. Seu culto assemelhava-se muito ao de Astartê, de
Adônis e de Átis, religiões muito aparentadas entre si, dominando toda a
orla do Mediterrâneo.
Seu culto era uma reminiscência do culto de
Tamus, um deus babilônio, cuja doutrina ensinava que os deuses nasciam e
renasciam, ressuscitando-se.
O judaísmo e, mais tarde, o cristianismo, beberam dessas
fontes grande parte da sua liturgia. No cristianismo, encontramos Ísis
representada pela Virgem Maria e Hórus transformado em Jesus Cristo.
Maria e Jesus, fugindo de Herodes e indo para o Egito, é a mesma lenda
de Ísis e Hórus, fugindo de Seth.
O Deus-Homem que morria e ressuscitava já era uma velha
“crença religiosa” naqueles tempos. O cristianismo apenas deu novos
nomes e novas roupagens aos deuses de velhas crenças.
A revelação de
Deus aos homens é outra lenda cuja origem perde-se na noite dos tempos.
Muitos séculos antes do surgimento do judaísmo, Zoroastro ou Zaratrusta
havia criado uma religião, segundo a qual havia uma eterna luta entre o
bem e o mal.
Aura Mazzda ou Ormuzd, o deus do fogo e da luz,
representava o bem em luta contra Angra Maniú ou Iarina, o deus das
trevas. Nessa luta, Ormuzd foi auxiliado por seu filho Mitra, o espírito
do bem e da justiça, mediador entre Ormuzd e os homens.
Ormuzd mandou
seu filho à terra, o qual nasceu de uma virgem pura e bela, que o
concebeu através de um raio de sol. Morreu e ressuscitou em seguida.
Essa religião foi levada para Sicília pelos marinheiros persas, nos últimos séculos da era passada.
Inventando o cristianismo, os judeus nada mais fizeram do
que sincretizar o judaísmo ortodoxo com a religião de Mitra, sem
esquecer de Osíris e Átis, cujas religiões eram também muito aceitas em
Roma e Alexandria.
Vestígios do mitraísmo foram encontrados em
escavações recentes, feitas em Óstia, os quais datam do século I. O
mitraísmo era praticado em catacumbas, em grutas e em subterrâneos.
O
cristianismo copiou-lhe a prática. Daí porque disseram ter Jesus nascido
em uma gruta e, nos primeiros tempos, o cristianismo foi praticado em
catacumbas.
Assim sendo, os cristãos foram para as catacumbas, não
fugindo das autoridades imperiais, mas tão-somente para observar o
ritual mitraico.
Os mitraicos também davam seus banquetes subterrâneos,
eram os banquetes pessoais, comuns nos ritos solares e no judaísmo. Em
ambos, havia o rito do pão e do vinho.
Mitra, o Sol Invictos, era festejado em dezembro, como
Jesus. Outras aproximações entre o culto de Mitra e o de Jesus, no
cristianismo: o uso da cruz do Sol Radiante, a cruz do Sol Invictus a
qual expandia raios;
O uso da pia batismal com a água benta, as
refeições comunais, a destinação do domingo para o descanso em homenagem
ao Senhor; a águia e o touro do ritual mitraico foram tomados para
símbolos dos evangelistas Marcos e Lucas.
Antigos quadros e painéis
trazem a figura dos evangelistas com a cabeça desses animais.
Do judaísmo, copiaram a crença da imortalidade da alma, a
vida no além, o Inferno, o diabo, a ressurreição, o dia do juízo;
práticas e crenças igualmente existentes no mitraísmo.
Graças a esses
espertos arranjos, durante muito tempo, o crente frequentou
indiferentemente o templo cristão, de Mitra ou de Ísis, crendo estar na
Igreja antiga, onde iam consultar o oráculo.
Por isso, Teofilo, em Alexandria, mandou construir um
templo cristão ao lado de um templo de Ísis, onde se anunciava o oráculo
quando as profecias vinham de uma revelação astral, mediante a
camuflagem das vozes de antigos bispos ali enterrados.
Uma das coisas
que favoreceram o cristianismo foi a abolição do sacrifício sangrento.
Muitos correram a abraçar a nova crença para escapar da morte em um
desses atos propiciatórios.
Spinoza e Hobbes, no século XVIII, mostraram que o
Pentateuco foi composto no século II a.C. graças ao que o sacerdote
judeu havia aprendido no cativeiro babilônio, fato que aconteceu no
século IV a.C.
Em seguida, mostraram uma série de contradições quanto à
cronologia. Em uma das fontes, apresentam Adão e Eva como tendo sido
criados ao mesmo tempo, enquanto em outra informam que ela havia sido
feita de uma costela de Adão.
Em uma, o homem aparece antes dos outros animais, na outra os animais surgem primeiro.
Levantamentos arqueológicos do começo do século XX, levados
a efeito nos subsolos da Babilônia, provaram que o Deuteronômio
resultou, em grande parte, do que os sacerdotes judeus haviam copiado da
legislação religiosa, civil e criminal de Hamurabi, a qual por sua vez
resultara do que se sabia da civilização acádia, e que naqueles tempos
já era vetusta.
Isaías, ao profetizar acerca de diversos reis de várias
épocas, mostra que seu nome foi inventado séculos depois dos fatos
haverem ocorrido. Um desses reis foi Dano, rei persa que governou em 538
a.C., quando libertou os judeus do cativeiro.
Herodes morreu no ano IV a.C., foi responsabilizado pela
matança dos inocentes, para compor o controvertido romance da fuga para o
Egito. Tudo o que até agora temos relatado constitui provas evidentes
de que a Bíblia não tem a antiguidade nem a veracidade que lhe pretendem
imprimir.
Os zilotas que seguiam a linha comunista dos essênios
combatiam tanto os judeus ricos como a ocupação romana. Os essênios, ao
professar, faziam votos de pobreza, quando juravam nada contar da seita
para os estranhos e nada ocultar dos companheiros.
Era um dos ramos do
judaísmo em que não mais se oferecia sacrifício sangrento, o que foi
copiado pelo cristianismo.
Os Evangelhos foram compostos para enquadrar Jesus no que
está previsto no versículo 17 do salmo 22. De modo que Jesus não passou
de um ator arranjado para representar o drama do Gólgota.
Cumpriu as
Escritas como ator e não como sujeito de uma vida real. Reimarus,
filósofo alemão que morreu em 1768, estudou a fundo a história de Jesus.
Chegou a conclusões irrefutáveis, que assombraram a Igreja muito mais
do que Copérnico ou Darwin.
Disse que, se Jesus tivesse mesmo existido,
seria, quando muito, um político ambicioso que fracassara completamente
em suas conspirações contra o governo.
Emmanuel Kant foi o primeiro filósofo que conseguiu
racional e inteligentemente expulsar Jesus da história humana, através
de uma impressionante e profunda exegese do herói do cristianismo.
Volney, em “As Rumas de Palmira”, após regressar de uma longa viagem de
pesquisas sobre Antiguidade clássica pelo Oriente Médio, elaborou o
trabalho acima referido, no qual nega a existência física de Jesus
Cristo.
Arthur Drews igualmente viveu muitos anos na Palestina
dedicando-se ao estudo de sua história antiga; concluiu que Jesus Cristo
jamais foi um acontecimento palestino.
Examinou todos os lugares pelos
quais os evangelistas pretenderam tivesse Jesus passado. Constatou,
então, que o cristianismo foi totalmente estruturado em mitos;
entretanto, organizado de modo a assumir o aspecto de verdade
incontestável, a ser imposta pela Igreja.
Todavia, para sorte nossa,
homens estudiosos e inteligentes contestam as falsas verdades elaboradas
pelo cristianismo, com argumentos irretorquíveis.
Dupuis disse que, aqueles que fizeram de Jesus um homem,
conseguiram enganar tanto quanto os que o transformaram em um deus. Em
suas observações, deixa patente que o romance de Jesus nada mais é do
que a repetição das velhas lendas dos deuses solares.
Vejamos suas
palavras: “Quando tivermos feito ver que a pretensa história de um deus
que nasceu de uma virgem, no solstício do inverno, depois de haver
descido aos infernos, de um deus que arrasta consigo um cortejo de doze
apóstolos, — os doze signos solares — cujo chefe tem todos os atributos
de Jano, um deus vencedor do deus das trevas;
Que faz transitar o homem
império da luz e que repara os males da natureza, não passa de uma
fábula solar… ser-lhe-á pouco menos indiferente examinar se houve algum
príncipe chamado Hércules, visto haver-se provado que o ser consagrado
por um culto!
Sob o nome de Jesus Cristo, é o Sol, e que o maravilhoso
da lenda ou do poema tem por objeto este astro, então parecerá que os
cristãos tem a mesma religião que os índios do Peru, a quem os primeiros
fizeram degolar”.
Albert Kalthoft diz que Jesus personifica o movimento
sócio-econômico que no século I sublevava o escravo, o pobre e o
proletário.
O seu messianismo foi espertamente aproveitado pelos líderes
dos judeus da diáspora, aqueles que exploravam a desgraça do judeu
pobre em benefício próprio.
Acrescenta que a divergência que existe
entre os quatro evangelistas resulta das várias tendências daquele
movimento social revolucionário nascido em Roma, do qual a versão
palestina é apenas o reflexo.
Salonmon Reinach, em “Orheus”, salienta o completo silêncio
dos autores contemporâneos de Jesus Cristo acerca de sua pretensa
existência.
Tal silêncio verifica-se tanto entre os escritores judeus
como entre os não judeus. Examina em profundidade as “Acta Pilati” e
constata que os acontecimentos que o cristianismo situou em seu governo
não foram do que ressuscitou no equinócio da primavera, de seu
conhecimento, e assim sendo Pilatos jamais soube qualquer coisa a
respeito de Jesus Cristo.
Pierre Louis Couchoud afirma que a existência real de Jesus
é indemonstrável, do ponto de vista histórico. E acrescenta que as
referências feitas por Flávio Josefo a Jesus não passam de falsificação
de textos, sobejamente provada hoje pelos peritos da crítica histórica.
Os maiores movimentos históricos tiveram como origem os mitos, cujo
papel social é dar forma aos anseios inconscientes do povo. Compara,
inclusive, a lenda de Jesus com a de Guilherme Tell, na Suíça.
Todos
sabem tratar-se de uma lenda nacional, todavia, Guilherme Tell é ali
reverenciado como herói verdadeiro e real. Seu nome promove a união
política dos cantões, embora falem línguas diferentes.
É possível que o mesmo aconteça em relação a Jesus e o
cristianismo. Estando em jogo interesses de ordem social, política e,
sobretudo, econômica, os líderes cristãos preferem deixar o mito de pé,
pois enquanto houver cristãos, sua profissão estará garantida e os
lucros continuarão sendo por eles auferidos.
O que se faz necessário é que o povo seja esclarecido
acerca dos assuntos de crenças e religiões nos termos da verdade, da
razão e da lógica, a fim de que, se libertando dos velhos preconceitos e
tabus, possa enfim ver o mundo e as coisas em sua realidade objetiva.
E não ignoramos qual a realidade objetiva que predomina no
cristianismo: é a exploração dos menos aquinhoados intelectual e
economicamente.
Quem mais contribui para as campanhas da Igreja são
aqueles que menos possuem, cuja mente encontra-se obstruída pelas ideias
e crenças religiosas. Sua pobreza material alia-se à pobreza
intelectual.
Uma boa dose de conhecimentos científicos é certamente a
melhor maneira de remover os obstáculos à libertação do homem, criados
pelos lideres religiosos, em suas pregações. Entretanto, sabemos que nem
sempre é possível a aquisição de tais conhecimentos.
Muitos são os
fatores que se interpõem entre o homem pobre, o operário, o trabalhador,
e a cultura. Um desses fatores, por sinal, muito ponderável, é o
econômico-financeiro.
Como fazer para ir à escola, comprar livros, etc,
se tem que trabalhar duro pela vida, e o que ganha mal dá para
sobreviver?
Bem poucos são os que conseguem reunir os conhecimentos
necessários que lhe permitam enxergar mais longe e romper as invisíveis
cadeias que os prendem aos dogmas e preconceitos ultrapassados pela
razão e pela ciência.
O mais cômodo para aqueles deserdados será esperar a
recompensa das agruras da vida no céu, após a morte. Afinal de contas,
os padres e os pastores estão aí para isto: vender Deus e o céu a grosso
e no varejo.
Tobias Barreto escreveu estes inolvidáveis versos:
“Se é sempre o mesmo engodo;
Se o homem chora e continua escravo;
Do quê foi que Jesus veio salvar-nos?”
Poderá alguém responder a tal interrogação satisfatoriamente? Provavelmente não.
É possível que, movido pela mesma razão, Proudhon tenha escrito: “Os que me falam em religião querem o meu dinheiro ou a minha liberdade”.
Desta forma, em poucas palavras, ficou bem claro o sentido e o objetivo
da religião: subtrair ao indivíduo a sua liberdade de pensamento e de
ação, e, com ela, o seu dinheiro.
Continua.
Última edição por Gideão da CCB Livre em Sex Fev 07, 2014 5:32 pm, editado 2 vez(es)
Re: Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
III As Falsificações
Vimos, assim, que os únicos autores que poderiam ter escrito a
respeito de Jesus Cristo, e como tal foram apresentados pela Igreja,
foram Flávio Josefo, Tácito Suetonio e Plínio. Invocando o testamento de
tais escritores, pretendeu a Igreja provar que Jesus Cristo teve
existência física, e incutir como verdade na mente dos povos todo o
romance que gira em torno da personalidade fictícia de Jesus.
Contudo, a ciência histórica, através de métodos modernos
de pesquisa, demonstra hoje que os autores em questão foram falsificados
em seus escritos. Estão evidenciadas súbitas mudanças de assunto para
intercalações feitas posteriormente por terceiros. Após a prática da
fraude, o regresso ao assunto originalmente abordado pelo autor.
Tomemos, primeiramente, Flávio Josefo como exemplo. Ele
escreveu a história dos acontecimentos judeus na época em que
pretensamente Jesus teria existido. Os falsificadores aproveitaram-se
então de seus escritos e acrescentaram: “Naquele tempo nasceu Jesus,
homem sábio, se é que se pode chamar homem, realizando coisas admiráveis
e ensinando a todos os que quisessem inspirar-se na verdade. Não foi só
seguido por muitos hebreus, como por alguns gregos. Era o Cristo. Sendo
acusado por nossos chefes do nosso país ante Pilatos, este o fez
sacrificar. Seus seguidores não o abandonaram nem mesmo após sua morte.
Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia após sua morte, como o
haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil coisas
milagrosas. A sociedade cristã, que ainda hoje subsiste, tomou dele o
nome que usa”.
Depois deste trecho, passa a expor um assunto bem diferente
no qual refere-se a castigos militares infligidos ao populacho de
Jerusalém. Mais adiante, fala de alguém que conseguira seus intentos
junto a uma certa dama fazendo-se passar como sendo a humanização do
deus Anubis, graças aos ardis dos sacerdotes de Ísis. As palavras a
Flávio atribuídas são as de um apaixonado cristão. Flávio jamais
escreveria tais palavras, porquanto, além de ser um judeu convicto, era
um homem culto e dotado de uma inteligência excepcional.
O próprio Padre Gillet reconheceu em seus escritos ter
havido falsificações nos textos de Flávio, afirmando ser inacreditável
que ele seja o autor das citações que lhe foram imputadas. Além disso,
as polêmicas de Justino, Tertuliano, Orígenes e Cipriano contra os
judeus e os pagãos demonstram que Flávio não escreveu nem uma só palavra
a respeito de Jesus. Estranhando o seu silêncio, classificaram-no de
partidário e faccioso. No entanto, um escritor com o seu mérito
escreveria livros inteiros acerca de Jesus, e não apenas um trecho.
Bastaria, para isto, que o fato realmente tivesse acontecido. Seu
silêncio, no caso, é mais eloquente do que as próprias palavras.
Exibindo os escritos de Flávio, Fócio afirmava que nenhum
judeu contemporâneo de Jesus ocupara-se dele. A luta de Fócio, que viveu
entre os anos de 820 a 895, e foi patriarca de Constantinopla, teve
ensejo justamente por achar desnecessário a Igreja lançar mãos de meios
escusos para provar a existência de Jesus. Disse que bastaria um
exemplar autêntico não adulterado pela Igreja e fora do seu alcance para
por em evidência as fraudes praticadas com o objetivo de dominar de
qualquer forma. Embora crendo em Jesus Cristo, combateu vivamente os
meios sub-reptícios empregados pelos Papas, razão porque foi destituído
do patriarcado bizantino e excomungado. De suas 280 obras, apenas restou
o “Myriobiblion”, tendo o resto sido consumido, provavelmente por ordem
do Papa.
Tácito escreveu: “Nero, sem armar grande ruído, submeteu a
processos e a penas extraordinárias aos que o vulgo chamava de cristãos,
por causa do ódio que sentiam por suas atrapalhadas. O autor fora
Cristo, a quem, no reinado de Tibério, Pôncio Pilatos supliciara. Apenas
reprimida essa perniciosa superstição, fez novamente das suas, não só
na Judeia, de onde proviera todo o mal, senão na própria Roma, para onde
de confluíram de todos os pontos os sectários, fazendo coisas as mais
audazes e vergonhosas. Pela confissão dos presos e pelo juízo popular,
viu-se tratar-se de incendiários professando um ódio mortal ao Gênero
humano”.
Conhecendo muito bem o grego e o latim, Tácito não
confundiria referências feitas aos seguidores de Cristo com os de
Crestus. As incoerências observadas nessa intercalação demonstram não se
tratar dos cristãos de Cristo, nem a ele se referir. Lendo-se o livro
em questão, percebe-se perfeitamente o momento da interpelação. Afirmar
que fora Cristo o instigador dos arruaceiros é uma calúnia contra o
próprio Cristo. E conforme já referimos anteriormente, os cristãos
seguidores de Cristo eram muito pacatos e não procuravam despertar
atenção das autoridades para si. Como dizer em um dado momento que eles
eram retraídos e, em seguida, envolvê-los em brigas e coisas piores? É
apenas mais uma das contradições de que está repleta a história da
Igreja.
Ganeval afirma que foram expulsos de Roma os hebreus e os
egípcios, por seguirem a mesma superstição. Deduz-se então que não se
referia aos cristãos, seguidores de Jesus Cristo. Referia-se aos
Essênios, seguidores de Crestus, vindos de Alexandria. A Igreja não
conseguiu por as mãos nos livros de Ganeval, o que contribuiu
ponderavelmente para lançar uma luz sobre a verdade. Por intermédio de
seus escritos, surgiu a possibilidade de provar-se a quais cristãos,
exatamente, referia-se Tácito.
Suetônio teria sido mais breve em seu comentário a respeito
do assunto. Escreveu que “Roma expulsou os judeus instigados por
Crestus, porque promoviam tumultos”. É evidente, também, a falsificação
praticada em uma carta de Plínio a Trajano, quando perguntava o que
fazer aos cristãos, assunto já abordado anteriormente. O referido texto,
após competente exame grafotécnico, revelou-se adulterado. É como se
Plínio quisesse demonstrar, não apenas a existência histórica de Jesus,
mas sua divindade, simbolizando a adoração dos cristãos. É o quanto
basta para evidenciar a fraude.
Se Jesus Cristo realmente tivesse existido, a Igreja não
teria necessidade de falsificar os escritos desses escritores e
historiadores. Haveria, certamente, farta e autêntica documentação a seu
respeito, detalhando sua vida, suas obras, seus ensinamentos e sua
morte. Aqueles que o omitiram, se tivesse de fato existido, teriam
falado dele abundantemente. Os mínimos detalhes de sua maravilhosa vida
seriam objeto de vasta explanação. Entretanto, em documentos históricos
não se encontram referências dignas de crédito, autênticas e aceitáveis
pela história. Em tais documentos, tudo o que fala de Jesus e sua vida é
produto da má-fé, da burla, de adulterações e intercalações
determinadas pelos líderes cristãos. Tudo foi feito de modo a ocultar a
verdade. Quando a verdade esta ausente ou oculta, a mentira prevalece. E
há um provérbio popular que diz: “A mentira tem pernas curtas”.
Significa que ela não vai muito longe, sem que não seja apanhada. Em
relação ao cristianismo, isto já aconteceu. Um número crescente de
pessoas vai, a cada dia que passa, tomando conhecimento da verdade. E,
assim, restam baldados os esforços da Igreja, no que concerne aos ardis
empregados na camuflagem da verdade, visando alcançar escusos objetivos.
IV O Doloroso Silêncio Histórico
A existência de Jesus Cristo é um fato jamais registrado pela
história. Os documentos históricos que o mencionam foram falsificados
por ordem da Igreja, num esforço para provar sua pretensa existência,
apesar de possuir provas de que Jesus é um mito. E assim agiu, movida
pelo desejo de resguardar interesses materiais. Ganeval apontou a
semelhança entre o culto de Jesus Cristo e o de Serapis. Ambos são uma
reencarnação do deus “Phalus”, que, por sua vez, era uma das formas de
representação do deus Sol.
Irineu chegou a afirmar que o deus dos cristãos não era
homem nem mulher. Papias cita trechos dos Evangelhos, mostrando que se
referiam ao Cristo egípcio. Referindo-se ao “logos”, que seria Jesus
Cristo, disse ter sido ele apenas uma emanação de Deus, produzida à
semelhança do Sol. É bom lembrar que essas opiniões divergentes entre si
são de três teólogos do cristianismo. Essas opiniões foram emitidas
quando estava acesa a luta de desmentidos recíprocos da Igreja contra os
seus numerosos opositores, ou seja, os que desmentiam a existência
física de Jesus. Então, criaram uma filosofia abstrata, baseando-se nos
escritos de Filon.
Ganeval, baseando-se em Fócio, disse que Eudosino, Agápio,
Carino, Eulógio e outros teólogos do cristianismo primitivo não tiveram
um conceito real nem físico de Jesus Cristo. Disse mais, que Epifânio,
falando sobre as seitas heréticas dos marcionítas, valentinianos,
saturninos, simonianos e outros, falava que o redentor dos cristãos era
Horus, o filho de Ísis, um dos três deuses da trindade egípcia, que mais
tarde viria a ser Serapis.
Ganeval afirmou ainda que os docetistas negavam a realidade
de Jesus, e, para refutar a negação, o IV Evangelho põe em relevo a
lança que fez sair água e sangue do corpo de Jesus, com o intuito de
provar sua existência física. Segundo Jerônimo, esses docetistas teriam
sido contemporâneos dos apóstolos. Lembra ainda que o imperador Adriano,
viajando em 131 para Alexandria, declara que “o deus dos cristãos era
Serapis, e que os devotos de Serapis eram os mesmos que se chamavam os
bispos de cristãos”.
Adriano, decerto, estava com a verdade. Documentos daquela
época informam que existiam os atuais Evangelhos, assim como Tácito
informa que os hebreus e os egípcios formavam uma só superstição. Os
escritos de Filon não se referem a Jesus Cristo, conforme pretenderam
fazer crer os falsificadores, mas a Serapis. Quando havia referências
aos cristãos terapeutas, afirmavam que se falava dos cristãos de Jesus.
Por sua vez, Clemente de Alexandria e Orígenes escreveram
negando Jesus e falando em Cristo, o qual seria Crestus. No entender de
Fócio, tudo isso não passava de fabulação mítica, não tendo existido
Jesus nem Cristo, de que a Igreja criou o seu Jesus Cristo.
Duquis e Volney, fazendo o estudo da mitologia comparada,
mostram de onde retiraram Jesus Cristo: do próprio mito. Filon,
escrevendo a respeito dos cristãos terapeutas, disse que o seu teor de
vida era semelhante ao dos cristãos e essênios. Abandonavam bens e
família para seguir apaixonadamente aos sacerdotes. Epifânio escreveu
que os cristãos terapeutas viviam junto do lago Mareótides, tendo os
seus Evangelhos e os seus apóstolos. É sobre esses cristãos que Filon
escreveu. Se os cristãos seguidores de Jesus Cristo já existissem, Filon
não poderia deixar de falar deles. Quando do pretenso nascimento de
Cristo, Filon contava apenas 25 anos de idade. Os Evangelhos, tendo
surgido muito tempo após a morte de Filon e de Jesus, não poderiam ser
os do cristianismo por ele referido.
Clemente de Alexandria e Orígenes não criam na encarnação
nem na reencarnação, motivo porque não creram na encarnação de Jesus
Cristo, embora fossem padres da Igreja. Orígenes morreu em 254.
Fócio escreveu sobre “Disputas” de Clemente e afirmou que
ele negara a doutrina do “Logos”, dizendo que o “Verbo” jamais se
encarnou, afirmação igualmente feita por Ganeval. Analisando os quatro
volumes de “Principia”, de Orígenes, percebe-se que o “Logos” ou o
“Verbo” era o mesmo sopro de Jeová, referido por Moisés. Fócio, tendo-se
escandalizado com isso, disse que Orígenes era um blasfemo.
Apenas analisando como se referia ao Verbo, a Crestus e ao
Salvador, é que se pode excluir a possibilidade da existência física de
Jesus. Tratá-lo-iam de modo bem diferente, se tivesse realmente
existido.
Continua.
Re: Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
V Um Jesus Cristo Não Histórico
A história, conforme mencionamos, não tem registro da existência de
Jesus Cristo. Os autores que temos em apreço e que seriam seus
contemporâneos omitiram-se completamente. Os documentos históricos que o
mencionam, fazem-no esporadicamente, e bem assim revelam-se rasurados e
falsificados, motivo pelo qual de nada adiantam, neste sentido, para a
história. É óbvio, portanto, que a história não poderia registrar um
evento que não aconteceu.
Tomando conta da história, o cristianismo deixou-a na
contingência de referir o nome de Jesus Cristo como sendo um deus
antropomorfizado, mas nunca uma pessoa de carne e ossos que tenha realmente vivido.
Ao fazê-lo, principia por um estudo filológico e
etimológico dos termos “Jesus” e “Cristo”, e termina mostrando que os
dois nomes foram reunidos em um só, para ser dado posteriormente a um
indivíduo. O termo “Jesus” significa salvador, enquanto que “Cristo” é o
ungido do Senhor, o “oint” dos judeus, o Messias esperado doe judeus.
Nesse estudo, a história mostra que a crença messiânica havia tomado a
orla do Mediterrâneo a partir do século II antes de nossa era. O norte
da África, o sul da Europa, a Ásia Menor, estavam todos repletos de
Messias e Cristos, e de milhares de pessoas que os seguiam e neles
criam.
Ao referir-se aos pretensos Messias, o Talmud deu esse nome
até mesmo a diversos reis pagãos, como no caso de Ciro, conforme está
em Isaias 44:1, ou ao rei de Tiro, como está em Ezequiel 28:14 e nos
Salmos, quando se verifica que os nomes de Jesus e de Cristo já vinham
sendo atribuídos a diversos líderes religiosos da Antiguidade.
As fontes pesquisadas pela história mostraram que Jesus
Cristo, ao ser estudado como fato histórico, só pode ser encarado como
sendo o “ungido do Senhor”, uma personalidade de existência abstrata
apenas, não tendo possuído contextura física pelo que deixou de ser
histórico. É apenas uma figura simbólica, através da qual a humanidade
tem sido ludibriada de há muitos séculos.
Cumprindo seu dever de informar, a história põe diante dos
olhos do crente e do estudioso as provas de que foi a luta dos líderes
cristãos a partir do século II para que o mito Jesus Cristo adquirisse a
consistência granítica que levou a crença religiosa dos europeus da
Idade Média sob o guante do criminoso absolutismo dos reis e dos Papas
de então.
Este estudo demonstra que Jesus Cristo foi concebido no
século II para cumprir um programa messiânico elaborado pelos profetas e
pelos compiladores do Velho Testamento e das lendas, sob o seu pretenso
nome. Vê-se, então, que os passos de Jesus pela terra aconteceram
conforme o Talmud, para que se cumprissem as profecias que o judaísmo
havia inventado.
Jesus Cristo pode ser considerado o ator no palco.
Representou o drama do Gólgota e retirou-se da cena ao fim da peça.
Mateus 1:2 descreve-nos um Jesus Cristo que nasce milagrosamente, apenas
para que se cumprissem as escrituras. Em 2:5 diz que nasceu em Belém,
porque foi ali que os profetas previram que nasceria. Em 2:14 deixa-o
fugir para o Egito, para justificar estas palavras: “Meu filho será
chamado do Egito”. Em 2:23 faz José regressar a Nazaré porque Jesus
deveria ser nazareno. Em 3:3 promove o encontro de Jesus com João
Batista, porque Isaías predissera-o. Em 4:4 Jesus foi tentado pelo
diabo, porque as escrituras afirmaram que tal aconteceria e que ele
resistiria. Em 4:14 leva Jesus para Carfanaum para conferir outra
predição de Isaías. Em 4:12 Jesus diz que não se deve fazer aos outros
senão aquilo que gostaríamos que a nós fosse feito, porque isto também
estava na lei dos profetas. Em 7:17 Jesus cura os endemoniados, conforme
predissera Isaías. Em 11:10-14 Jesus palestra com João Batista porque
assim predissera Elias. Em 12:17 Jesus cura as multidões, quando pede
que não propalem isso, igualmente dando cumprimento às palavras de
Isaías. Em 12:40 permanece sepultado durante três dias porque os deuses
do paganismo, os deuses solares ou redentores, também estiveram; como
Jonas, que foi engolido por uma baleia, a qual depois de três dias jogou
para fora, intacto como se nada tivesse acontecido. E tudo isto
aconteceu em um mar onde não há possibilidade de vida para esse cetáceo,
portanto, só poderia acontecer graças aos milagres bíblicos. Em 13:14
diz que Jesus falava por meio de parábolas, como Buda também o fez.
Assim também falavam os antigos taumaturgos, para que apenas os
sacerdotes entendessem; assim só eles seriam capazes de interpretar para
os incautos e crédulos religiosos, e, afinal, porque Isaías assim o
previa. Em 21:14 Jesus entra em Jerusalém montado em um burreco,
conforme as profecias. Em 26:54 Jesus diz que não foi preso pelo povo
quando junto dele se assentou no templo para ensinar, porque também
estava previsto. Em 27:9 Judas trai a Jesus, vendendo-o por trinta
dinheiros e recebendo à vista o preço da traição. Em 27:15 os soldados
repartem entre si as roupas do crucificado.
Apenas o cumprimento desta profecia choca-se frontalmente
com a história. E, de acordo com ela, nessa época não havia legionários
romanos na Palestina. Lucas 23:27 diz que Jesus mandou comprar espadas,
para que assim fosse confundido com os malfeitores comuns, porque assim
estava previsto. Em seguida, diz que Jesus, ao ensinar aos seus
apóstolos, afirmava que tudo o que lhe acontecesse, era para que
estivesse de acordo com o que escreveram Moisés e os profetas, e como
estava descrito nos salmos. Em 24:44-46 diz que Jesus afirmou “Como era
necessário que Cristo padecesse e ressuscitasse ao terceiro dia, dentre
os mortos”.
Para ficar de acordo com as previsões testamentárias, João
19:27 diz que Jesus teve sede e pediu água. Em 19:30, ao beber a água,
disse que era vinagre e exclamou: “Tudo se cumpriu”. Em 19:32-37 diz que
não lhe quebraram nenhum osso, apenas o feriram com a lança para
verificar se havia expirado. E isto também estava predito. Por ai,
percebe-se que tudo ali é puro simbolismo, e que Jesus foi idealizado
apenas para cumprir as escrituras. Está ai uma prova de que a existência
de Jesus nada mais é do que uma fabulação evangélica. Do mesmo modo que
inventaram as profecias, inventaram alguém para cumpri-las. Tanto é
verdade, que os judeus que ainda hoje acreditam em profecias, não
aceitaram Jesus como tendo sido o Messias prometido pelo Talmud.
Além disso, os seus escritores esgotaram todos os
argumentos possíveis com o fim de provar que Jesus não foi um
acontecimento palestino, e que não passou de um romance escrito pelos
judeus dispersos e dos que se aproveitaram do messianismo judeu para
criar uma empresa comercial, como tem sido o Vaticano.
O messianismo não foi uma lenda que tenha atingido a todas
as classes sociais judias. Essa lenda foi criada pelos sacerdotes judeus
visando com isso ajudar ao povo da rua a suportar melhor as agruras da
pobreza e não reagir contra as classes privilegiadas. Essas promessas
são cumpridas pelos sacerdotes, a seu modo, a fim de que o pobre viva de
esperanças e não sinta que o rico continua metendo as mãos em seus
bolsos, impunemente. O homem do povo raramente compreende a finalidade
desse tipo de engodo.
O Talmud traz uma porção de profecias, e ao mesmo tempo
critica aos que lhes dão crédito. A crítica representa uma evolução do
pensamento das lideranças judias. Um estudo comparado do judaísmo e do
cristianismo mostra a enorme quantidade de crendices dessas religiões
forjadas pelos seus líderes e afastadas pela evolução do conhecimento.
Em nossos dias, o conhecimento atingiu um ponto em que a
própria Igreja começou a relegar para um canto os seus ídolos de aspecto
humano. O conhecimento humano terminara por vencer definitivamente,
provando que todos os deuses e ídolos têm os pés de barro. Nossos
antepassados viram muitos ídolos cair. Certas práticas e crenças
religiosas ainda permanecem válidas porque os sacerdotes, como bons
psicólogos que são, observam o desenvolvimento mental do povo e sabem
que uns encontram a verdade, enquanto outros, jamais conseguiram
alcançá-la.
Idealizando um Jesus Cristo adaptado às profecias
talmúdicas, criaram um personagem incoerente e inseguro, o que nos dá a
medida exata do quilate mental dos seus criadores. Podiam ser espertos,
mas nunca inteligentes ou cultos.
Não deve ter sido tarefa das mais fáceis a de adaptar um
Cristo vindo para cumprir as profecias no fanatismo das populações
ignaras. Foi um trabalho de titãs não acorrentados à verdade, nem à
sinceridade que o homem deve ao seu semelhante. Nunca foi fácil
transformar uma fantasia em realidade. Por isso, o cristianismo teve de
valer-se da espada de Constantino e das armas de seus legionários para
impor dogmaticamente o que a razão e o conhecimento jamais aceitariam
passivamente. Nos dois primeiros séculos do cristianismo, cada qual
queria ser o primeiro e mandar mais e, se possível, ficar sozinho.
Tivemos muitos reis e Papas analfabetos, atestando o primarismo dos
judeus dispersos, como dos lideres europeus da época do lançamento do
cristianismo.
Tentando racionar a teologia do judaísmo e do cristianismo,
fizeram de Jeová um deus absurdo e de Jesus um ser irreal, ambos
incoerentes, o que se tornou a essência do Talmud e dos Evangelhos.
Através de Jesus Cristo, valorizaram as profecias do pretenso profeta
Isaías, revitalizando assim o judaísmo e dando seriedade ao Talmud,
fazendo dos Evangelhos um amontoado de mentiras e de impossíveis
humanos. Assim é que criaram um relato inconsistente, que desmorona
completamente em face de uma análise mais profunda.
Scherer escreveu que Jesus não foi um filósofo nem fundador
de uma religião. Foi apenas Messias. O sentido da vida de Jesus era
apenas dar cumprimento às profecias messiânicas, e tal ideia é o centro
dos fatos evangélicos, a razão de ser Jesus. Tendo vindo ao mundo
tão-somente para cumprir as profecias, deixou de ser humano e tornou-se
um fantasma, ou um símbolo do que nunca teve existência real.
A vida de Jesus e de seus apóstolos desenrola-se apenas
como uma peça teatral, na qual Jesus acumula os papéis de deus e de
homem. Um dia o público há de convencer-se de que esteve diante de um
ser bíblico, sem uma realidade histórica.
Segundo Arthur Weigal, o único testemunho escrito por quem
teria convivido com Jesus teria sido a epístola atribuída a Pedro. Teria
surgido quando começaram as pretensas perseguições aos cristãos, na
qual ele os animava. Entretanto, como a existência de Pedro é igualmente
lendária, a epístola em questão não merece fé, tendo sido composta por
qualquer cristão, menos pelo mitológico Pedro.
Os escritos de Tácito, dadas as adulterações sofridas,
carecem de valor histórico. Dai não se poder admitir como verdade que
Nero, entre os anos 54 e 68, tenha realmente perseguido aos seguidores
de Jesus Cristo. Tertuliano, entretanto, afirma que Pedro foi
martirizado no governo de Nero.
Contudo, vários pesquisadores, entre os quais Holmann e
Weizsacker, demonstraram que essas perseguições somente começaram a
partir do século II. Irineu, no ano 180, achava que a epístola de Pedro
fora escrita em 83, mas não por Pedro. Nesta epístola, Pedro dizia que
“Jesus sofreu por nós, deixando-nos um exemplo”. Acrescentara ter sido
testemunha pessoal dos seus sofrimentos, após os quais subiu ao céu, de
onde voltaria em breve. No entanto, sua volta não ocorreu até hoje,
apesar de terem se passado dois mil anos. A falta de cumprimento dessa
promessa invalida todas as suas afirmações.
Disse Pedro, ainda, que Jesus mandou que se amasse uns aos
outros, pagando o mal com o bem, retribuindo a injúria com a bênção.
Recomendou a caridade, a hospitalidade e a humildade; o dever de evitar o
mal, fazer o bem e buscar a paz, assim como a abstinência da ambição da
carne, evitar o rancor, a inveja e a maledicência; a submissão às
autoridades, crer em Deus e honrar o rei.
As epístolas de Paulo viriam em segundo lugar, como
importância histórica. Pedro teria aprendido a doutrina cristã na
convivência direta com Jesus. Suas epístolas seriam consideradas
autênticas por terem sido escritas 20 ou 30 anos após a crucificação.
Pedro, assim como Paulo, afirmaram que Jesus voltaria em breve para
julgar a humanidade. Contudo, ambos estavam enganados e enganaram aos
outros. Paulo teria conhecido pessoalmente a Pedro e a Jaques, um dos
irmãos de Jesus Cristo, assim como referia-se a outras pessoas que
teriam convivido com Jesus. A crucificação e a ressurreição teriam sido
fatos indiscutíveis para Pedro e Paulo, cujos escritos estariam muito
próximos dos acontecimentos.
Paulo, em I Coríntios 11:1, diz: “Imitam-me como se fosse
Jesus”. Teria pregado o amor, a paz, a temperança, a caridade, a
alegria, a paciência, a doçura, a confiança e a boa vontade. A lei
divina deveria ser interpretada segundo o espírito e não conforme a
letra. “Amarás ao próximo como a ti mesmo”, seria um amor paciente,
caridoso e humilde.
As epístolas procuraram estabelecer a historicidade de
Jesus, assim como revelar muitos pontos do seu caráter. Jesus teria
vivido apenas para redimir a humanidade, não teria pecado, sendo, sem
dúvida alguma, o filho de Deus. Papias, em 140, escreveu que Mateus
havia colecionado as máximas de Jesus, e Marcos recolhera muitas notas
para o Evangelho. Assim, os Evangelhos seriam o espelho de Jesus,
contado pelos apóstolos, espalhando entre os homens o ideal de perfeição
moral e mental.
As curas, milagres e pregações de Jesus, em pouco tempo,
haviam espalhado o seu nome, galvanizando as multidões, todos sentiam
que havia surgido o Messias. Assumiu o papel de Messias e com isso
entusiasmou a multidão, pelo que entrou em Jerusalém cercado da emoção e
do respeito do povo. Ao anoitecer abandonou a cidade, e, no dia
seguinte, ao regressar, encontra muita agitação. As autoridades haviam
tomado medidas contra ele. Dois dias antes da páscoa, tomou sua última
refeição com os companheiros e ali permaneceu a espera dos
acontecimentos, sabendo que o seu reino não era deste mundo. À noite,
foi preso, e, no dia seguinte, julgado. O povo quis que o sacrificassem
em lugar de Bar Abbas. Seria o sacrifício pascal, rito multimilenar que
iria mais uma vez acontecer. Após a morte, sai do sepulcro,
ressuscitado, e vai ao encontro dos apóstolos, pede comida, e depois de
permanecer algum tempo com eles, ascende ao céu prometendo voltar em
breve.
Foi este o retrato feito de Jesus Cristo pelo cristianismo,
e que ainda hoje milhões de pessoas adoram. Entre nós, são bem poucos
os que põem em dúvida a veracidade desse romance contado pelos judeus da
diáspora e aproveitado por seus seguidores latinos.
No entanto, a razão e o conhecimento estão se encarregando
de destruir a pretensa veracidade desse conto. Muitas coisas
consideradas como milagres são hoje conseguidas naturalmente através da
ciência, da tecnologia moderna, da medicina, do conhecimento científico
em todas as suas modalidades, e mesmo através da hipnose. Diante das
conquistas que o homem tem feito, é possível que ele abra os olhos para a
verdade e perceba então que Deus jamais se preocupou com sua sorte e
com o mundo. A história desmente peremptoriamente que Deus tenha
comparecido ao mundo nos momentos de festa ou de dor. O homem foi
abandonado à própria sorte e tem lutado muito para sobreviver através
dos tempos, e tem obtido sucesso porque está sempre acumulando
conhecimentos, os quais emprega em situações futuras.
Diante de tudo o que foi exposto, só nos resta dizer que a
história, em dois mil anos, não encontrou uma única prova ou documento
que mereça crédito no que diz respeito à vida de Jesus. Sua existência é
fictícia e só encontra agasalho no seio da mitologia. Seu nascimento,
sua vida, sua morte, sua família, seus discípulos, tudo, enfim, que lhe
diz respeito, tem analogia com as crenças, ritos e lendas dos deuses
solares, adorados sob diversos nomes e modalidades e por povos diversos,
também.
Dele, a história nada sabe.
VI Jesus e o Tempo
O mítico dia do nascimento de Jesus Cristo foi oficializado por
Dionísio, o Pequeno, no século VI, que marcou no ano 1 do século I,
correspondendo ao ano 753 da fundação de Roma, com um erro de previsão
calculado em seis anos. Para chegar a essa artificiosa fixação,
serviu-se de diversos sistemas de cálculo. Calvísio e Moestrin contaram
até 132 sistemas e Fabrício arredondou para 200.
Para uns, teria sido entre 6 e 10 de janeiro, para outros,
19 ou 20 de abril, enquanto outros ainda situavam entre 20 e 25 de
março. Os cristãos orientais determinaram a data entre 1 e 8 de janeiro,
enquanto os ocidentais escolheram a 6 de janeiro.
Em 375, São João Crisóstomo escreveu que a data de 25 de
dezembro foi introduzida pelos orientais. Entretanto, antes do ano 354,
Roma já o havia fixado para esta mesma data, segundo o calendário de
Bucer. Essas diferenças foram o resultado da preocupação da Igreja em
fazer com que o nascimento de Jesus coincidisse e se confundisse com os
dos deuses solares, os deuses salvadores, e especialmente com o Deus
Invictus, que era Mitra. E era justamente ao mitraismo que a religião
cristã pretendia absorver.
No dia 25 de dezembro todas as cidades do império romano
estavam iluminadas e enfeitadas para festejar o nascimento de Mitra. A
preocupação de ligar o nascimento de Jesus ao de Mitra denota o
artificialismo que fundamentou o cristianismo. Foi a divinização do deus
dos cristãos às custas da luz do Sol dos pagãos.
Foi um dos grandes trabalhos de mistificação da Igreja a
confluência dos dois nascimentos para a mesma data. Assim, o nascimento
do novo deus apagava da memória do povo a lembrança de Mitra, no fim do
inverno.
A tradição religiosa, desde milênios, fizera com que todos
os deuses redentores nascessem em 25 de dezembro. Quanto ao lugar de
nascimento de Jesus, disseram ter sido em Belém, para combinar com as
previsões messiânicas que, fazendo de Jesus um descendente de David,
teria a adesão dos judeus incautos.
O II e o IV Evangelhos não mencionam o assunto, enquanto o I
e o III aludem ao caso, mas se contradizem. Uns dizem que os pais de
Jesus moravam em Belém, enquanto outros afirmam que eles ali estavam de
passagem. Essa insegurança deve-se ao fato de pretenderem ligar a vida
de Jesus à de David, conforme as profecias. Todavia, isto confundia as
tendências históricas ligadas ao nascimento dos deuses solares. A
preocupação apologética, contudo, invalidou a pretensão histórica.
De tudo isto resultou que a história pode hoje provar que
tudo aquilo que se refere a Jesus é puro convencionalismo, e sua
existência é apenas ideal e não real. De modo que a morte dos inocentes
nada mais é do que a repetição da matança das criancinhas egípcias,
contada no Êxodo. A estrela só pôde ser inventada porque naquele tempo o
homem ainda não sabia o que era uma estrela; tanto assim que a Bíblia
afirma que Josué fez parar o sol com um aceno de sua mão apenas. Assim, a
estrela que guiou os magos é coisa realmente absurda. Antes de tudo,
ninguém soube realmente de onde vieram esses reis e onde eram os seus
países.
Outros fenômenos relatados como terremotos, trevas e
trovões, assinalados pelo Bíblia, não o são pela história dos judeus nem
dos romanos. Só os interessados no mito puderam ver tais
acontecimentos. Os escritores que relataram fatos ocorridos na Palestina
e no Império Romano não transmitiram estes fatos que teriam ocorrido na
morte de Jesus à posteridade. Muita coisa pode ter acontecido naqueles
tempos, menos as que estão nos Evangelhos.
Pilatos, por exemplo, morreu ignorando a existência de
Jesus. Os legionários romanos jamais receberam ordens para prendê-lo.
Nenhum movimento social, político ou religioso contrário às normas da
ocupação surgiu na Judeia, para justificar a condenação de seu líder por
Pilatos.
Entretanto, Jesus teria sido julgado e condenado pelos
sacerdotes judeus, pois Pilatos deixara o caso praticamente em suas mãos
e do povo, lavando as suas próprias. Nem Pilatos, nem Caiaz, nem Hannã
deixaram qualquer referência acerca desse processo. Nenhum deles poderia
dizer qual a aparência física de Jesus. Tertuliano, baseando-se em
Isaías, disse que ele era feio, ao passo que Agostinho afirmou que ele
era bonito. Uns afirmaram que era imberbe, outros que era barbado. Sua
cabeleira espessa e barba fechada resultaram de uma convenção realizada
no século XII. O Santo Sudário retrata um Jesus Barbudo.
Nada do que se refere a Jesus pode ser considerado ponto
pacífico. Tudo é discrepante e contraditório. Ora, se aqueles que tinham
e os que ainda têm interesse em defender a veracidade da existência de
Jesus não conseguiram chegar a um acordo no que lhe diz respeito, isso
não é bom sinal.
Moy escreveu: “Desde que se queira tocar em qualquer coisa
real na vida de Jesus, esbarra-se logo na contradição e incoerência”.
Por isso, até o aspecto físico de Jesus tornou-se discutível, o que
ajuda a provar que ele nunca existiu. De acordo com a história, não se
pode aceitar o que está escrito nos evangelhos coma prova de sua
existência. Também a Igreja não dispõe de argumentos válidos, nesse
sentido. A arqueologia, por outro lado, nada encontrou até aqui capaz de
elucidar a questão.
De tudo isto depreendemos que a existência física de Jesus
jamais poderá ser provada de modo irrefutável, e, por conseguinte, é
muito difícil ser acatada por homens cultos e amantes da verdade. O
romance, as lendas, os contos, a ficção, interessam como cultura, como
expressão do pensamento de um povo, e desse modo são perfeitamente
aceitos. Entretanto, a apresentação de tais modalidades de cultura como
fatos reais, consumados e verdadeiros e como tal serem impostos ao povo,
é condenável.
A atitude do cristianismo tem sido, através dos tempos,
justamente a que nós acabamos de condenar: a imposição das lendas, do
romance e da novela como realidade palpável, como fato verdadeiro e
incontestável.
Em sua “Vida de Jesus”, Strauss diz: “Poucas coisas são
certas, nas quais a ortodoxia se apoia de preferência — as milagrosas e
as sobrehumanas —, as quais jamais aconteceram. A pretensão de que a
salvação humana dependa da fé em coisas das quais uma parte é certamente
fictícia, outra sendo incerta, é um absurdo, que em nossos dias nem
sequer devemos nos preocupar, refutando-o”.
Ernest Havet, comparando Jesus com Sócrates, diz que
Sócrates é um personagem real, enquanto Jesus é apenas ideal. Homens
como Platão e Xenófanes, os quais conviveram com Sócrates, deixaram o
seu testemunho a respeito do mesmo. Em seus escritos relatam tudo sobre
Sócrates: a vida, o pensamento, os ensinamentos e a morte. E nada do que
lhe diz respeito foi adulterado, e, portanto, é autêntico, verdadeiro e
indiscutível.
Quanto a Jesus, não teve existência real, e aqueles aos
quais se atribui escritos e referências em relação a ele, uns foram
adulterados em seus escritos, outros não existiram. Pílatos, que teria
autorizado seu sacrifício, omite o fato quando relata os principais
acontecimentos de seu governo. Por acaso mandaria matar um deus, e não
saberia? Assim, quem descreveu Jesus, apenas imaginou o que ele teria
sido, não foi sua testemunha.
Renan disse em sua “Vida de Jesus”: “Nossa admiração por
Jesus não desapareceria nem mesmo quando a ciência nada pudesse decidir
de certo, e chegasse forçosamente às negações”. Termina dizendo que o
divino encontrado pelos cristãos em Jesus é o mesmo que a beleza de
Beatriz, que apenas resultou do pensamento de Dante ou de seu gênio
literário. Da mesma forma, as belezas de Cristina residem nos sonhos
religiosos dos hindus. As maravilhas de Jesus e a beleza de Maria são
produtos do gênio inventivo da liderança oradora dos mitos Jesus e
Maria.
Se de ambos apenas se diz o bem, há sinal que eles não
tiveram existência real. Jesus Cristo é uma criação do homem, o qual
esteve em cena apenas para realizar as profecias dos primários profetas
judeus. Esta é também a opinião de Didon, exposta em seu livro “Vida de
Jesus”. Diz ele que é suspeita a sonegação de quase trinta anos da vida
de Jesus à história evangélica.
“Nós apenas sabemos um nada da vida de Jesus”, escreveu
Miron. Os redatores dos Evangelhos e os primeiros autores eclesiásticos,
recolhendo as tradições correntes na comunidade cristã, podem ter
adquirido alguns fragmentos da verdade; mas como assegurar que, entre
tantos elementos mitológicos e legendários, haja algo de verdade? Assim,
a vida de Jesus em si é impossível.
Acontece com Cristo o mesmo que acontece com todos os entes
legendários: quanto mais os buscamos, menos os encontramos. A tentativa
feita até aqui de colar na história, de arrebatar às trevas da
teologia, um personagem que até a idade de trinta anos é absolutamente
desconhecido, e que depois da referida idade aparece fazendo impossíveis
humanos — os milagres — é absurda e ridícula.
Labanca, em “Jesus Cristo”, impugna a possibilidade de uma
biografia científica de Jesus, baseando-se na inautenticidade dos
Evangelhos, uma vez que os mesmos não tiveram finalidade histórica, mas
tão-somente religiosa e propagandística. Jesus não está nos Evangelhos
por causa de sua esquisita divindade, mas porque isso convém aos seus
lançadores e aos que ainda hoje vivem do seu nome, como rendoso meio de
vida.
VII
Jesus Cristo nos Evangelhos
Assim como a história não tomou conhecimento da existência de Jesus,
os Evangelhos igualmente desconhecem-no como homem, introduzindo-o
apenas como um deus. Maurice Vernés mostrou com rara mestria que o Velho
Testamento não passa de um livro profético de origem apenas sacerdotal,
fazendo ver que tudo que ai está contido não é histórico, sendo apenas
simbólico e teológico. O mesmo acontece com o Novo Testamento e os
Evangelhos. Tudo na Bíblia é duvidoso, incerto e sobrenatural.
Tratando dos Evangelhos, mostra que sua origem foi mantida
anônima, talvez de propósito, não se podendo saber realmente quem os
escreveu. Por isso, eles começam com a palavra “segundo”; Evangelho
segundo Mateus; segundo Marcos. Daí se deduz que não foram eles os
autores desses Evangelhos, foram, no máximo, os divulgadores.
Igualmente deixaram em dúvida a época em que foram
escritos. A referência mais antiga aos Evangelhos é a de Papias, bispo
de Yerápoles, o qual foi martirizado por Marco Aurélio entre 161 e 180.
Seu livro faz parte da biblioteca do Vaticano. Irineu e Eusébio foram os
primeiros a atribuir a Marcos e a Mateus a autoria dos Evangelhos, mas
ambos permanecem desconhecidos da história, como o próprio Jesus Cristo.
Destarte, pouco ou nenhum valor têm os Evangelhos como testemunha dos
acontecimentos. Se só foram compostos no século III ou IV, ninguém pode
garantir se os originais teriam realmente existido.
Os primitivos cristãos quase não escreveram, e os raros
escritos desapareceram. Por outro lado, no Concílio de Niceia foram
destruídos todos os Evangelhos. Esse Concílio foi convocado por
Constantino, que era pagão. Daí, devem ter sido compostos outros
Evangelhos para serem aprovados por ele ou pelo Concílio. Com isto,
perderam sua autenticidade, deixando de ser impostos pela fé para
serem-no pela espada.
Celso, no século II, combateu o cristianismo argumentando
somente com as incoerências dos Evangelhos. Irineu diz que foram
escolhidos os quatro Evangelhos, não porque fossem os melhores ou
verdadeiros, mas apenas porque esses provieram de fontes defendidas por
forças políticas muito poderosas da época. Os bispos que os apoiaram
tinham muito poder político. Informam ainda que antes do Concílio de
Niceia os bispos serviam-se indiferentemente de todos os Evangelhos
então existentes, os quais alcançaram o número de 315. Até então eles se
equivaliam para os arranjos da Igreja. Mesmo assim, os quatro
Evangelhos adotados conservaram muitas das lendas contidas nos demais
que foram recusados. De qualquer forma, era e continuam sendo todos
anônimos, inseguros e inautênticos. Os adotados foram sorteados, e não
escolhidos de acordo com fatores valorativos. Mesmo estes adotados desde
o Concílio de Niceia sofreram a ação dos falsificadores que neles
introduziram o que mais convinha à época, ou apenas a sua opinião
pessoal.
Esta é a história dos Evangelhos que, através dos tempos,
vêm sofrendo a ação das conveniências políticas e econômicas. Embora a
Igreja houvesse se tornado a senhora da Europa, nem por isso
preocupou-se em tornar os Evangelhos menos incoerentes. Sentiu-se tão
firme que julgou que sua firmeza seria eterna.
Os argumentos mais poderosos contra a autenticidade dos
Evangelhos residem em suas contradições, incoerências, discordâncias e
erros quanto a datas e lugares, e na imoralidade de pretender dar cunho
de verdade a velhos e pueris arranjados dos profetas judeus. Essa
puerilidade avoluma-se à medida que a crítica verifica o esforço
evangélico em tornar realidade os sonhos infantis de uma população
ignorante. Para justificar sua ignorância, se dizem inspirados pelo
Espírito Santo, o qual também é uma ficção religiosa, resultante da
velha lenda judia segundo a qual o mundo era dominado por dois espíritos
opositores entre si: o espírito do bem e o do mal. Adquiriram essa
crença no convívio com os persas, os egípcios e os hindus.
Os egípcios tiveram também os seus sacerdotes, os quais
escreveram os livros religiosos como o “Livro dos Mortos”, sob a
inspiração do deus Anubis. Hamurabi impôs suas leis como tendo sido
oriundas do deus Schamash. Moisés, descendo do Monte Sinai, trouxe as
tábuas da lei como tendo sido ditadas a ele por Jeová. Maomé,
igualmente, foi ouvir do anjo Gabriel, em um morro perto de Meca, boa
parte do Alcorão. Allah teria mandado suas ordens por Gabriel.
O conhecimento mostra que as religiões, para se firmarem,
têm-se valido muito mais da força física do que da fé. Quanto à verdade,
esta não existe em suas proposições básicas. De modo que, Anubis,
Schamash, Allah e Jeová nada mais são do que o Espírito Santo sob outros
nomes.
Stefanoni demonstrou que todos esses escritos não
representam o Espírito Santo, mas o espírito dominante em cada época ou
lugar. Assim surgiram os Evangelhos, os quais, como Jesus Cristo, foram
inventados para atender a certos fins materiais, nem sempre
confessáveis.
“Não creria nos Evangelhos, se a isso não me visse obrigado
pela autoridade da Igreja”. São palavras de Sto. Agostinho. Com sua
cultura e inteligência, poderia hoje estar no rol dos que não creem.
Continua.
Re: Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
VIII Jesus Cristo é um Milagre
No que diz respeito a Jesus Cristo, a teologia toma em consideração,
sobretudo, o aspecto sobrenatural e os seus milagres. João Evangelista
foi trazido para a cena a fim de criar o Logos, o Jesus metafísico,
destruindo, assim, o Jesus-Homem. As contradições surgidas em torno de
um Jesus saído da mente de pessoas primárias e incultas tornaram-no
muito vulnerável à crítica dos mais bem dotados em conhecimento. Então
vem João e substitui o humano pelo divino, por ser o mais seguro. O
mesmo iria fazer a Igreja no século XV, quando, para abafar, grita
contra os que haviam queimado miseravelmente uma heroína nacional dos
franceses, tiraram o uniforme do corpo carbonizado de Joana D’Aro e
vestiram-lhe a túnica dos santos. O mesmo aconteceu com Jesus: teve de
deixar queimar a pele humana que lhe haviam dado, para revestir-se com a
pele divina.
A Igreja, na impossibilidade de provar a existência de
Jesus-Homem, inventou o Jesus-Deus. Assim atende melhor à ignorância
pública e fecha a boca dos incrédulos. Do que relatamos, conclui-se
que, no caso de Joana D’Arc, a igreja obteve os resultados esperados.
Contudo, continua com as mesmas dificuldades para provar que Jesus
Cristo, como homem ou como deus, tenha vivido fisicamente. E não é só.
Ela não tem conseguido provar nada do que tem ensinado e imposto como
verdade. Falta-lhe argumentos sérios e convincentes para confrontar com o
conhecimento científico e com a história sem que sejam refutados.
A Igreja tudo fez para tornar Jesus Cristo a base e a razão
de ser do cristianismo. E isto satisfez plenamente a seus interesses
materiais nestes dois milênios de vida. Da mesma forma, os portugueses,
os espanhóis e os ingleses, de Bíblia na mão e cruz no peito, foram à
longínqua África para arrastar o negro como escravo, para garantir a
infra-estrutura econômica do continente americano. Jamais se preocuparam
em saber se o pobre coitado queria separar-se de seus entes queridos,
nem o que estes iriam sofrer com a separação.
A Igreja está realmente atravessando uma crise. Acontece
que os processos tecnológicos e científicos descortinam para o homem
novos horizontes, e então ele percebe que foi iludido miseravelmente.
Sua fé, sua crença e seu deus morrem porque não têm mais razão de ser.
Jesus Cristo foi inicialmente um deus tribal, que teria
vindo ao mundo por causa das desgraças dos judeus. Eles sonhavam ser
donos do mundo, mas, mesmo assim, foram expulsos até mesmo de sua
própria terra. Contudo, o cristianismo ganhou a Europa, com a adesão dos
reis e imperadores.
Renan, não conseguindo encontrar o Jesus-Divino, tentou
ressuscitar o Jesus-Homem. Mas o que conseguiu foi apenas descrever uma
esquisita tragédia humana, cujo epílogo ocorreu no céu. Jesus teria sido
um altruísta mandado à terra para que se tornasse uma chave capaz de
abrir o céu. Teria sido o homem ideal com que o religioso sonha desde
seus primórdios. Existindo o homem ideal, cuja idealidade ficasse
comprovada, o histórico seria dispensável. Mas, ao tentar evidenciar um
desses dois aspectos, Renan perdeu ambos. Mostrou então que, para provar
o lado divino de Jesus, compuseram os Evangelhos. Seu objetivo: relatar
exclusivamente a vida de um homem milagroso e não de um homem natural.
Elaborando os Evangelhos, cometeram tantos erros e
contradições, que acabaram por destruir, de vez, a Jesus. A exegese da
vida de Jesus, baseada no conhecimento e na lógica, separando-se o ideal
do real, eles destroem-se mutuamente. Quem descreve o Jesus real, não
poderá tocar o ideal, e vice-versa, porque um desmente o outro.
Em suma, os Evangelhos não satisfazem aos estudiosos da
verdade livre de preconceitos, destruindo o material e o ideal postos na
personalidade mítica de Jesus. A fabulação tanto recobre o humano como o
divino.
Verificamos, então, estarmos em presença de mais um deus
redentor ou solar. Jesus, através dos Evangelhos, pode ser Brama, Buda,
Krishna, Mitra, Horus, Júpiter, Serapis, Apolo ou Zeus. Apenas deram-lhe
novas roupas. O Cristo descrito por João Evangelista aproxima-se mais
desses deuses redentores do que o dos outros evangelistas. É um novo
deus oriental, lutando para prevalecer no ocidente como antes tinha
lutado para impor-se no oriente. É um novo subproduto do dogmatismo
religioso dos orientais, em sua irracional e absurda metafísica. Por
isso, criaram um Jesus divino, não por causa dos seus pretensos
milagres, mas por ser o Logos, o Verbo feito carne. Essa essência divina
é que possibilitou os milagres. É um deus antropomorfizado, feito
conforme o multimilenar figurino idealizado pelo clero oriental. Jesus
não fez milagres, ele é o próprio milagre. Nasceu de um milagre, viveu
de milagres e foi para o céu milagrosamente, de corpo e alma, realizando
assim mais uma das velhas pretensões dos criadores de religiões: a
imortalidade da alma humana.
Sendo Jesus essencialmente o milagre, não poderá ser
histórico, visto não ter sido um homem normal, comum, passando pela vida
sem se prender às necessidades básicas da vida humana. Jesus foi
idealizado exclusivamente para dar cumprimento às profecias do judaísmo,
é o que verificamos através dos Evangelhos. Tudo quanto ele fez já
estava predito, muito antes do seu nascimento.
Jesus surgiu no cenário do mundo, não como autor do seu
romance, mas tão-somente como ator para representar a peça escrita, não
se sabe bem onde, em Roma ou, talvez, Alexandria. O judaísmo forneceu o
enredo, o Vaticano ficou com a bilheteria. E, para garantir o êxito
total da peça, a Igreja estabeleceu um rigoroso policiamento da plateia,
através da confissão auricular. Nem o marido escapava à delação da
esposa ou do próprio filho. O pensamento livre foi transformado em crime
de morte. Os direitos da pessoa humana, calcados aos pés. Nunca a
mentira foi imposta de modo tão selvagem como aconteceu durante séculos
com as mentiras elaboradas pelo cristianismo. À menor suspeita, a
polícia tonsurada invadia o recinto e arrastava o petulante para um
escuro e nauseabundo calabouço onde as mais infames torturas eram
infligidas ao acusado. Depois, arrastavam-no à praça pública para ser
queimado vivo, o que, decerto, causava muito prazer ao populacho
cristão.
Desse modo, a Igreja tornou-se um verdugo desumano,
exercendo o seu poder de modo impiedoso e implacável, ao mesmo tempo em
que escrevia uma das mais terríveis páginas da história da humanidade.
Durante muito tempo o sentimento de humanidade esteve
ausente da Europa, e a mentira triunfava sobre a verdade. Milhares de
infelizes foram sacrificados porque ousaram dizer a verdade. O poder
público apoiava a farsa religiosa, e era praticamente controlado pela
Igreja. Aquele que ousasse apontar as inverdades, as incoerências e o
irracionalismo básicos do catolicismo, seria eliminado. Tudo foi feito
para evitar que o cristianismo fracassasse, devido à fragilidade de seus
fundamentos. O que a Igreja jura de mãos postas ser a verdade, é
desmentido pelo conhecimento, pela ciência e pela razão.
IX Jesus Cristo, um Mito Bíblico
Folheando as páginas da história humana, e não encontrando aí
qualquer referência à passagem de Jesus pela terra, nós, estudiosos do
assunto, convencer-nos-emos de que ele nada mais é do que um mito
bíblico. Pesquisando os Evangelhos na esperança de encontrar algo de
positivo, deparamo-nos mais uma vez com o simbolismo e a mitologia. A
história que o envolve desde o nascimento até a morte é a mesma do
surgimento de inúmeros deuses solares ou redentores.
É de se notar o cuidado que tiveram os compiladores dos
Evangelhos para não permitir que Jesus praticasse senão o que estava
estabelecido pelas profecias do judaísmo. Assim, a vida de Jesus nada
mais é do que as profecias postas em prática. O cristianismo e os
Evangelhos são um modo de reavivamento da chama do judaísmo, ante a
destruição do templo de Jerusalém. É uma transformação do judaísmo, de
modo a existir dentro dos muros de Roma, de onde, posteriormente,
ultrapassou os limites, alcançando boa parte do mundo.
O sofrimento que o judaísmo infligiu ao povo pobre deveria
ser o suficiente para que se acabasse definitivamente. Acreditamos que a
ambição de Constantino é que deu lugar ao alastramento do cristianismo,
ou, melhor dizendo, do judaísmo sob novas roupagens e novo enredo. Não
fosse isso, a falta de cumprimento das pretensas promessas de Abraão, de
Moisés e do próprio Jesus Cristo já teria feito com que o judaísmo e o
cristianismo fossem varridos da memória do homem. De há muito o homem
estaria convencido da falsidade que é a base da religião.
Idealizaram o cristianismo que, baseado no primarismo da
maioria, deu novo alento ao judaísmo, criando assim, o capitalismo e a
espoliação internacional. O liberalismo que surgiu graças ao monumental
trabalho dos enciclopedistas, é que possibilitou ao homem uma nova
perspectiva de vida. A partir do enciclopedismo, os judeus e o judaísmo
deixaram de ser perseguidos por algum tempo, e com isto, quase perdeu
sua razão de ser.
Ao surgir Hitler e seu irracional nazismo, encontrou quase a
totalidade dos judeus alemães integrada de corpo e alma na pátria
alemã. O Fuhrer deu então um novo alento ao judaísmo, ao persegui-lo de
modo desumano. Graças à perseguição de que foram vítimas os judeus de
toda a Europa durante a guerra de 1940, surgiu a justificativa
internacional para que se criasse o Estado de Israel. Talvez o Estado de
Israel, revivendo sua velha megalomania racial, invalide em sangue a
tendência natural para a socialização do mundo e universalização do
conhecimento. A socialização do mundo acabaria com a irracional e
absurda ideia de ser o judeu um bi-pátrida. Nasça onde nascer, não se
integra no meio em que nasce e vive. Daí a perseguição.
Os judeus ricos de todo o mundo carreiam para Israel todo o
seu dinheiro e, com ele, a tecnologia e o conhecimento alugados. Graças
a isto, poderá embasar ali os seus mísseis teleguiados, tudo quanto
houver de mais avançado na química, física e eletrônica. Assim, terão
meios de garantir a manutenção da sócio-economia estruturada no
capitalismo. Esta é uma situação realmente grave, a qual poderá
tornar-se dramática no porvir. O poder econômico concentrado em poucas
mãos é uma ameaça contra o homem e sua liberdade.
Apesar de o cristianismo liderar o movimento que faz do
homem e do seu destino o centro das preocupações das altas lideranças
sociais, a grande maioria dos homens está marginalizada, porque o poder
econômico do mundo acumula-se em poucas mãos. E, se permanecemos crendo
em tudo quanto criaram os judeus de dois milênios atrás, isso é sinal de
que não evoluímos o bastante para justificar o decurso de tanto tempo.
Se o progresso científico e a tecnologia avançada não conseguirem
libertar-nos dos mitos, estará patente mais uma vez o estado pueril em
que ainda se encontra o desenvolvimento mental do homem. O homem não
será de todo livre enquanto permanecer preso às convenções religiosas,
as quais possuem como único fundamento o mito e a lenda.
Se assim falamos, não é que estejamos sendo movidos por um
antissemitismo ou um anticlericalismo doentio; de modo algum isto é
verdadeiro. O que nos motiva tomar em pauta o assunto é o desejo de ver
um crescente número de pessoas partilhar conosco do conhecimento da
verdade.
Temos dito repetidas vezes que tudo aquilo em que se
fundamenta o cristianismo é apenas uma compilação de velhas lendas dos
deuses adorados por diversos povos. Strauss diz que saiu do Velho
Testamento a pretensão de que Jesus encarnar-se-ia em Maria, através do
Espírito Santo. Em números, 24:17 estava previsto que uma estrela
guiaria os reis magos.
Cantu lembra que, juntando-se os livros do Velho Testamento
com os do Novo, teremos 72 livros, o mesmo número de anciãos teria
Moisés escolhido para subir com ele ao Monte Sinai. O Velho Testamento
previa que o povo seguiria a Jesus, mesmo sem conhecê-lo. Seriam os
peixes retirados da água pelos apóstolos, e os mesmos da pescaria de São
Jerônimo. Moisés teria feito da pedra o símbolo da força de Jeová, por
isto, Jesus devia dar a Pedro as chaves do céu.
Oseias 11:1 e Jeremias 31:15-16-4-10-28 profetizam que o
Messias seria chamado por Jeová, do Egito, ligado ao pranto de Raquel
pelo assassinato dos filhos. Então arranjaram a terrível matança dos
inocentes, a qual consta apenas em dois evangelhos, sendo silenciado o
assunto pelos outros dois e pelos relatos enviados a Roma.
Strauss lembra também que a discussão de Jesus com doutores
do templo, assim como a passagem de Ana e Semeão, bem como a
circuncisão, estava tudo previsto no Velho Testamento. Diz ainda que
teria ido para Nazaré após o regresso do Egito apenas para que os
Evangelhos pudessem atribuir-lhe a alcunha de nazareno. Entretanto,
Nazaré não existia, pelo menos naquela época; era uma cidade fantasma,
só passando a existir nas páginas dos Evangelhos. Assim, Jesus foi
nazareno, não por ter nascido em Nazaré, visto que não poderia nascer em
dois lugares, como também não poderia nascer em uma cidade que não
existia. Ele foi nazareno por ter sido um comunista essênio. A
anunciação e o nascimento de João Batista foram copiados do Talmud.
As tentações de Jesus pelo demônio, no deserto, segundo
Emilio Bossi, foram copiadas das Escrituras. Os quarenta dias passados
no deserto são oriundos do cabalismo de Roma e da crença dos babilônios,
os quais atribuíam a esse número força cabalística. Por isso, tal
número repete-se várias vezes no decorrer das dissertações bíblicas: o
dilúvio descrito na Bíblia durou quarenta dias; Moisés esteve quarenta
anos na corte do Faraó; passou quarenta anos no deserto, e os ninivitas
jejuaram quarenta dias.
Ezequiel teria sido conduzido por um espírito de um lugar
para outro, através do espaço. Abraão teria sido tentado pelo demônio;
os mesmos episódios passaram ao Novo Testamento, tendo Jesus como
protagonista. Perguntamos nós: por que tais coisas não mais se repetem? A
resposta só pode ser esta: elas jamais aconteceram. Tudo isto não passa
de lendas ou sonhos, os quais foram impostos como fatos reais.
O Talmud diz: “Então se abrirão os olhos aos cegos e os
ouvidos aos surdos”. Jesus teria de dizer: “Então o coxo pulará como o
cervo e a língua dos mudos se soltará”.
Em Lucas 4:27 Jesus cura Naamã, reproduzindo uma cura
efetuada por Eliseu, de um outro leproso. Elias e Eliseu ressuscitaram
mortos, por seu lado, Jesus ressuscitaria a Lázaro. Os discípulos de
Jesus, não sabendo como curar os endemoniados, recorrem ao Mestre.
Passagem semelhante está em Eliseu, cujo servo teria recorrido a ele
para curar o filho da sunamita. A multiplicação dos pães e dos peixes é a
repetição de Moisés no deserto, fazendo cair maná e cordonizes. Moisés
transformou as águas do rio em sangue e Jesus transforma a água em
vinho.
Em Jeremias 7:11 e Isaías 56:7 está escrito que o templo
não deve se converter em um covil de ladrões, o que leva os evangelistas
a dizer que Jesus expulsou os mercadores do templo.
A transfiguração de Jesus é a mesma coisa que aconteceu a
Moisés, ao subir ao Monte Sinai, quando encontrou com Jeová. Aliás,
Moisés havia prometido que viria um profeta semelhante a ele. A traição
de Judas repete o mesmo acontecimento em relação a Crestus.
A prisão de Jesus foi descrita de modo igual no Talmud. A
fuga dos apóstolos estava prevista por Isaías. Jesus foi crucificado na
Páscoa, representando o cordeiro pascal.
Essas comparações patenteiam a existência do cristianismo
muito antes de Filon. Donde se deduz que Jesus foi inventado de acordo
com as Escrituras, sem esquecer de anexar as ideias de Filon ao relato
de sua pretensa vida. Fócio demonstrou que os Evangelhos foram copiados
de Filon. São Clemente e Orígenes, embora fossem padres da Igreja,
orientaram-se por Filon e não pelo bispo de Roma.
Estas citações seriam suficientes para se provar que Jesus
jamais existiu. É apenas um produto da mente clerical, a qual o compôs
baseada em mitos e lendas.
Re: Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
X As Contradições sobre Jesus Cristo
Como tudo o mais que se refere à existência de Jesus na terra, também
a sua ascendência é objeto de controvérsias. Segundo Mateus e Lucas,
Jesus descende ao mesmo tempo de David e do Espírito Santo. Entretanto,
como filho do Espírito Santo, não poderá descender de José,
consequentemente deixa de ser descendente de David e o Messias esperado
pelos judeus. Assim, Jesus ficará sendo apenas Filho de Deus, ou Deus,
visto ser uma das três pessoas da trindade divina.
Em ambos os evangelhos acima citados há referências quanto a
data de nascimento de Jesus, mas tais referências são contraditórias o
Jesus descrito por Mateus teria onze anos quando nasceu o de Lucas.
Mateus diz que José e Maria fugiram apressadamente de Belém, sem passar
por Jerusalém, indo direto para o Egito, após a adoração dos Reis Magos.
Herodes iria mandar matar as criancinhas. Todavia, Lucas diz que o
casal estivera em Jerusalém e acrescenta a narração da cena de que
participaram Ana e Semeão. De modo que um evangelista desmente o outro.
Lucas não alude à matança das criancinhas, nem à fuga para o Egito.
Por outro lado, Marcos e João não se reportam à infância de
Jesus, passando a narrar os acontecimentos de sua vida a partir do seu
batismo por João Batista.
Mateus que conta o regresso de Jesus, vindo do Egito e indo
para Nazaré, deixa-o no esquecimento, voltando a ocupar-se dele somente
depois dos seus trinta anos, quando ele procura João Batista. Diz ainda
que João já o conhecia e, por isto, não o queria batizar, por ser um
espírito superior ao seu.
Lucas narra a discussão de Jesus com os doutores da lei,
aos doze anos de idade. Sendo perguntado pela mãe sobre o que estava ali
fazendo, teria respondido que se ocupava com os assuntos do pai.
Emilio Bossi, referindo-se a esta passagem, estranha a
atividade da mãe. Se o filho nascera milagrosamente, e ela não o ignora,
só poderia esperar dele uma sequência de atos milagrosos. Mesmo a sua
presença no templo, entre os doutores, não deveria causar preocupação à
sua mãe, visto saber ela que o filho não era uma criança qualquer, e sim
um Deus.
Lucas diz que os samaritanos não deram boa acolhida a
Jesus, o que muito irritara a João. Contudo, João, o Evangelista, diz
que os samaritanos deram-lhe ótima acolhida e, inclusive, chamaram-no de
salvador do mundo.
Os evangelistas divergem também quanto ao relato da
instituição da eucaristia. Três deles afirmam que Jesus instituiu-a no
dia da Páscoa, enquanto João afirma que foi antes. Enquanto os três
descrevem como aconteceu, João silencia.
Na última noite Jesus estava muito triste, como, aliás,
permaneceria até a morte. Pondo o rosto em terra, orou durante muito
tempo. Segundo os evangelistas, ele estava de tal modo triste e
conturbado que teria suado sangue, coisa, aliás, muito estranha, nunca
verificada cientificamente.
Enquanto isto, seus companheiros dormiam
despreocupadamente, não se incomodando com os sofrimentos do Mestre.
Entretanto João não fala sobre esse estado de alma do Mestre. Pelo
contrário, diz que Jesus passara a noite conversando, quando se mostrava
entusiasta de sua causa e completamente tranquilo. Lucas, Mateus e
Marcos afirmam que o beijo de Judas denunciara-o aos que vieram
prendê-lo. Todavia, João diz que foi o próprio Jesus quem se dirigiu aos
soldados dizendo-lhes tranquilamente: “Sou eu”.
Lucas é o único que fala no episódio da ida de Jesus de
Pilatos para Herodes Antipas. Os outros caem em contradição quanto à
hora do julgamento pelo Conselho dos Sacerdotes em presença do povo.
João não fala a respeito do depoimento de Cireneu, nem na beberagem que
teriam dado a Jesus. Omite-se ainda quanto à discussão dos dois ladrões,
crucificados com Jesus, e quanto à inscrição posta sobre a cruz.
De forma que seu relato é bastante diferente daquilo que os
outros contaram. E as divergências continuam ainda no que concerne ao
quebramento das pernas, ao embalsamamento, à natureza do sepulcro e ao
tempo exato em que ele esteve enterrado. Quanto ao embalsamamento, por
exemplo, há muita coisa que não foi dita. Teriam retirado seu cérebro e
intestinos como se procede normalmente nesses casos? Se a resposta for
positiva, como explicar o fato de Jesus, após a ressurreição, pedir
comida? Como se vê, as verdades bíblicas são além de controvertidas,
incompreensíveis.
Lucas diz que Jesus referiu-se aos que sofrem de fome sede,
enquanto Mateus diz que ele se referia aos que têm fome e sede de
justiça, aos pobres de espírito. Uns afirmam que Jesus tratara os
publicanos com desprezo e ódio, outros dizem que ele se mostrou amigável
em relação a eles. Para uns, Jesus teria dito que publicassem as boas
obras, para outros, que nada dissessem a respeito. Uma hora Jesus
aconselha o uso da força física e da resistência, mandando até que
comprassem espada; noutra, ameaça os que pretendem usar a força.
Marcos, Mateus e Lucas dizem que Jesus recomendara o sacrifício. Entretanto, não tomou parte em nenhum deles.
Mateus diz que Jesus afirmou não ter vindo para abolir a
lei nem os profetas, enquanto Lucas diz que ele afirmara que isso já
estava no passado, já tivera o seu tempo. Os três afirmam ainda que
Jesus apenas pregara na Galileia, tendo ido raramente a Jerusalém, onde
era praticamente desconhecido. Todavia, João diz que ele ia
constantemente a Jerusalém, onde realizara os principais atos de sua
vida. As coisas ficam de modo que não se sabe quem disse a verdade, ou,
melhor dizendo, não sabemos quem mais mentiu. Ora, se Jesus tivesse
realmente praticado os principais atos de sua vida em Jerusalém, seria
conhecido suficientemente, e, então, não teriam que pagar a Judas 30
dinheiros para entregar o Mestre.
João, que teria sido o precursor do Messias, não se fez
cristão, não seguiu a Jesus, pregando apenas o judaísmo no aspecto
próprio. Entretanto, depois de preso, enviou um mensageiro a Jesus,
indagando-lhe: “És tu que hás de vir, ou teremos de esperar um outro?”,
ao que Jesus teria respondido: “Você é o profeta Elias”. Talvez houvesse
esquecido que o próprio João antes já declarara isso mesmo. Contam os
Evangelhos que, desde a hora sexta até Jesus exalar o último suspiro, a
terra cobriu-se de trevas. Contudo, nenhum escritor da época comenta tal
acontecimento.
Marcos 25:25 diz que Jesus foi sacrificado às 9 horas. João
diz que ao meio dia ele ainda não havia sido condenado à morte, e
acrescenta que, a esta hora, Pilatos tê-lo-ia apresentado ao povo
exclamando: “Eis aqui o vosso rei”!
Emilio Bossi assinala detalhadamente todas estas
contradições, e as que se deram após a pretensa ressurreição, dizendo
que nada do que vem nos Evangelhos deve ser levado a sério. O
sobrenatural é o clima em que se encontra a Bíblia, e esta é apenas o
resultado da combinação de crenças e superstições religiosas dos judeus
com as de outros povos com os quais conviveram.
XI As Contradições Evangélicas
Mateus e Marcos afirmam enfaticamente que os discípulos de Jesus
abandonaram tudo para segui-lo, sem sequer perguntar antes quem era ele.
Em Mateus, lê-se que Jesus teria afirmado que não viera para abolir as
leis de Moisés. Contudo, esta seria uma afirmativa sem sentido algum,
visto que hoje sabemos que os livros atribuídos a Moisés são apócrifos.
Segundo João, quando Jesus falou ao povo, foi por este
acatado e proclamado rei de Israel, aos gritos de “Hosanna”. Mas, um
pouco adiante, ele se contradiz, afirmando que o povo não acreditou em
Jesus, e imprecando contra ele, ameaçava-o a ponto de ele haver
procurado esconder-se.
Mateus diz que Jesus entrara em Jerusalém, vitoriosamente,
quando a multidão tê-lo-ia recebido de modo festivo, e marchando com
ele, juncava o chão com folhas, flores e com os próprios mantos,
gritando: “Hosanna ao Filho de David! Bendito seja o que vem em nome do
Senhor!” Aos que perguntavam quem era, respondiam “Este é Jesus, o
profeta de Nazaré da Galileia”. No entanto, outros evangelistas afirmam
que ele era um desconhecido em Jerusalém.
Disseram que Pilatos estava convencido da inocência de
Jesus, razão porque teria tentado salvá-lo, abandonando-o logo a seguir,
indefeso e moralmente arrasado.
João faz supor que Pilatos teria deixado matar a Jesus,
temendo que denunciassem sua parcialidade ao imperador. Se ele não
castigasse a um insurreto que se intitulara rei dos judeus, estaria
traindo a César. No entanto, tal atitude por parte de Pilatos não
combina com o seu retrato moral, pintado por Filon. Era um homem duro e
tão desumano quanto Tibério. A vida de mais um ou menos um judeu, para
ambos, era coisa da somenos importância. Filon faz de Pilatos um
carrasco, e mostra que ele, em Jerusalém, agia com carta branca. Além
disso, as reações de Pilatos com Tibério eram quase fraternais e ele era
um delegado de absoluta confiança do imperador. Mas, como os Evangelhos
foram compostos dentro dos muros de Roma, teriam de ser de modo a não
desagradar às autoridades Imperiais. Pilatos foi posto nisso apenas
porque os bens e a vida dos judeus estavam sob sua custódia. Entretanto,
como a ocupação romana foi feita em defesa dos judeus ricos, contra os
judeus pobres e os salteadores do deserto, as autoridades romanas temiam
muito mais ao povo do que a Roma.
Além disso, muitas eram as razões para não gostarem de
Pilatos nem de Herodes Antipas. Eles eram antipáticos aos judeus pobres,
por isso teriam temido a ira popular. Esta é a razão apresentada pelos
historiadores que levam a sério os Evangelhos, justificando assim o
perdão do criminoso Bar Abbas e a condenação do inocente Jesus.
Entretanto, se as legiões romanas realmente ali estivessem naquela
época, nem Pilatos nem Herodes tomariam em consideração a opinião do
povo, porque se sentiriam garantidos nos seus postos.
Além disso, a opinião popular é fator ainda bem novo na
técnica de formação dos governos. Tudo o que sabemos é o que está nos
Evangelhos. Jesus era um homem do povo e um dos que temiam o governo.
Por isso é que em Marcos, 16:7 encontraremos Jesus aconselhando os
discípulos a fuga. Em Lucas 10:4 Jesus está aconselhando aos discípulos a
não falarem a ninguém em suas viagens.
Em Mateus 35:23 encontraremos Jesus reprovando os judeus
que haviam assassinado Zacarias, filho de Baraquias, entre o adro do
templo e o altar. A história, no entanto, afirma ser esse episódio
imaginário. Flávio Josefo relata um acontecimento semelhante, registrado
no ano 67, 34 anos após a pretensa morte de Jesus, referindo-se no caso
a um homem chamado Baruch. Isto evidencia o descuido dos compiladores
dos Evangelhos, que os compuseram sem levar em conta que, no futuro, as
contradições neles encontradas seriam a prova da inautenticidade dos
fatos relatados.
Nicodemos, que teria sido um fariseu rico, membro de
Senedrin, homem de costumes morigerados e de boa-fé, não se fez cristão,
apesar de ter agido em defesa de Jesus contra os próprios judeus. Por
certo ele, como João Batista, não se convenceram da pretensa divindade
de Jesus Cristo, nem mesmo se entusiasmaram com suas pregações.
Outra ficção evangélica é debitada a Paulo, o qual inventou
um Apolo, que não figura entre os apóstolos e em nenhum outro relato.
Em Atos dos Apóstolos 18, lê-se: “Veio de Éfeso um judeu de nome Apolo,
de Alexandria, homem eloquente e muito douto nas Escrituras. Este era
instruído no caminho do Senhor, falando com fervor de espírito,
ensinando com diligência o que era de Jesus, e somente conhecia João
Batista. Com grande veemência convencia publicamente os judeus,
mostrando-lhes pelas Escrituras que Jesus era o Cristo”. Seria um judeu
fiel ao judaísmo que, segundo Paulo, procurava levar seus próprios
patrícios para o Cristo? Na epístola I aos Coríntios, diz que: “Apolo
era igual a Jesus”.
Paulo, já no fim do seu apostolado, afirma que o imperador
Agripa era um fariseu convicto, e que sua religião era a melhor que
então existia. Era, assim, um divulgador do cristianismo afirmando a
excelência do farisaísmo. Falando de Jesus, Paulo descreve apenas um
personagem teológico e não histórico. Não se refere ao pai nem à mãe de
Jesus, sendo um ser fantástico, uma encarnação da divindade que viera
cumprir um sacrifício expiatório, mas não se reporta ao modo como teria
sido possível a encarnação. Não diz sequer a data em que Jesus teria
nascido. Não relata como nem quando foi crucificado. No entanto, estes
dados têm muita importância para definir Jesus como homem ou como um ser
sobrenatural. Está patente, desse modo, que Paulo é uma figura tão
mitológica quanto o próprio Jesus.
Em Atos dos Apóstolos 28:15 e em 45 Paulo diz que, quando
chegou a Pozzuoli, ele e os seus companheiros foram ali bem recebidos,
havendo muita gente à beira da estrada esperando-os. Entretanto,
chegando a Roma, teve de defender-se das acusações de haver ofendido em
Jerusalém ao povo e aos ritos romanos.
Na Epístola aos Romanos 1:8 Paulo diz que a fé dos cristãos
de Roma alcançara todo o mundo, razão porque encerraria sua missão tão
logo regressasse da Espanha, onde saudaria um grande número de fiéis.
Mas, se assim fosse, por que Paulo teve de se defender perante os
cristãos de Roma, contra o seu próprio judaísmo?
Com pouco tempo Paulo já pensava encerrar sua missão porque
o cristianismo já se universalizara. Entretanto, ele continuava
considerando como melhor religião o farisaísmo. O cristianismo a que
Paulo referia-se deveria ser anterior a Jesus Cristo, que era o seguido
pelos cristãos de Roma, e não pelos cristãos dos lugares por onde Paulo
havia passado pregando.
Eusébio disse que o cristianismo de Paulo era o terapeuta
do Egito, e Tácito disse que os hebreus e os egípcios formavam uma só
superstição.
XII Algumas Fontes do Cristianismo
O passado religioso do homem está repleto de deuses solares e
redentores. Na índia, temos Vishnu, um deus que se reencarnou nove vezes
para sofrer pelos pecados dos homens. No oitavo avatar foi Krishna e,
no nono, Buda. Krishna foi igualmente um deus redentor, nascido de uma
virgem pura e bela, chamada Devanaguy. Sua vinda messiânica foi predita
com muita antecedência, conforme se vê no Atharva, no Vedangas e no
Vedanta. O deus Vishnu teria aparecido a Lacmy, mãe da virgem Devanaguy,
informando que a filha iria ter um filho-deus, e qual o nome que
deveria dar-lhe. Mandou que não deixasse a filha casar-se, para que se
cumprissem os desígnios de deus. Tal teria acontecido 3.500 anos a.C. no
Palácio de Madura. O filho de Devanaguy destronaria seu tio. Para
evitar que acontecesse o que estava anunciado, Devanaguy teria sido
encerrada em uma torre, com guardas na porta. Mas, apesar de tudo, a
profecia de Poulastrya cumpriu-se, “O espírito divino de Vishnu
atravessou o muro e se uniu à sua amada”. Certa noite ouviu-se uma
música celestial e uma luz iluminou a prisão, quando Viscohnu apareceu
em toda a sua majestade e esplendor. O espírito e a luz de deus
ofuscaram a virgem, encarnando-se. E ela concebeu. Uma forte ventania
rompeu a muralha da prisão quando Krishna nasceu. A virgem foi
arrebatada para Nanda, onde Krishna foi criado, lugar este ignorado do
rajá.
Os pastores teriam recebido aviso celeste do nascimento de
Krishna, e então teriam ido adorá-lo, levando-lhe presentes. Então o
rajá mandou matar todas as criancinhas recém-nascidas, mas Krishna
conseguiu escapar. Aos 16 anos, Krishna abandonou a família e saiu pela
Índia pregando sua doutrina, ressuscitando os mortos e curando os
doentes. Todo o mundo corria para vê-lo e ouvi-lo. E todos diziam: “Este
é o redentor prometido a nossos pais”. Cercou-se de discípulos, aos
quais falava por meio de parábolas, para que assim só eles pudessem
continuar pregando suas ideias.
Certo dia os soldados quiseram matar Krishna, quando seus
discípulos amedrontados fugiram. O Mestre repreendendo-os, e chamou-os
de homens de pouca fé, com o que reagiram e expulsaram os soldados.
Crendo que Krishna fosse uma das muitas transmigrações divinas,
chamaram-no “Jazeu”, o nascido da fé. As mulheres do povo perfumavam-no e
incensavam-no, adorando-o.
Chegando sua hora, Krishna foi para as margens do rio
Ganges, entrando na água. De uma árvore, atiraram-lhe uma flecha que o
matou. O assassino teria sido condenado a vagar pelo mundo. Quando os
discípulos procuraram recolher o corpo, não o encontraram mais porque,
então, já teria subido para o céu.
Depois Vishnu tê-lo-ia mandado novamente à terra pela nona
vez, receberia o nome de Buda. O nascimento de Buda teria sido,
igualmente, revelado em sonhos à sua mãe. Nasceu em um palácio, sendo
filho de um príncipe hindu. Ao nascer, uma luz maravilhosa teria
iluminado o mundo. Os cegos enxergaram, os surdos ouviram, os mudos
falaram, os paralíticos andaram, os presos foram soltos e uma brisa
agradável correu pelo mundo. A terra deu mais frutos, as flores ganharam
mais cores e fragrância, levando ao céu um inebriante perfume.
Espíritos protetores vigiaram o palácio, para que nada de mal
acontecesse à mãe. Buda, logo ao nascer, pôs-se de pé maravilhando os
presentes.
Uma estrela brilhante teria surgido no céu no dia do seu
nascimento. Nasceu também, nesse mesmo dia, a árvore de Bó, a cuja
sombra o menino deus descansaria. Entre os que foram ver Buda, estava um
velho que, como Semeão, recebeu o dom da profecia. Sua tristeza seria
não poder assistir à glória de Buda por ser muito velho.
Buda teria maravilhado os doutores da lei com a sua
sabedoria. Com poucos anos de idade, teria começado sua pregação. Teria
ficado durante 49 dias sob árvore de Bó, e sido tentado várias vezes
pelo demônio. Pregando em Benares, convertera muita gente. O mais
célebre de seus discursos recebeu o nome de “Sermão da Montanha”. Após
sua morte apareceria também aos seus discípulos, trazendo a cabeça
aureolada. Davadatta trai-lo-ia do mesmo modo que Judas a Jesus. Nada
tendo escrito, os seus discípulos recolheriam os seus ensinamentos
orais. Buda também tivera os seus discípulos prediletos, e seria um
revoltado contra o poder abusivo dos sacerdotes bramânicos. Mais tarde, o
budismo ficaria dividido em muitas seitas, como o cristianismo.
Quando missionários cristãos estiveram na índia, ficaram
impressionados e começaram a perceber como nasceu o romance da vida de
Jesus. O Papa do budismo, o Dalai-Lama, também se diz ser infalível.
Mitra, um deus redentor dos persas, foi o traço de união
entre o cristianismo e o budismo. Cristo foi um novo avatar, destinado
aos ocidentais. Mitra era o intermediário entre Ormuzd e o homem. Era
chamado de Senhor e nasceu em uma gruta, no dia 25 de dezembro. Sua mãe
também era virgem antes e depois do parto. Uma estrela teria surgido no
Oriente, anunciando seu nascimento. Vieram os magos com presentes de
incenso, ouro e mirra, e adoraram-no. Teria vivido e morrido como Jesus.
Após a morte, a ressurreição em seguida.
Fírmico descreveu como era a cerimônia dos sacerdotes
persas, carregando a imagem de Mitra em um andor pelas ruas, externando
profunda dor por sua morte
Por outro lado, festejavam alegremente a ressurreição,
acendendo os círios pascais e ungindo a imagem com perfumes. O Sumo
Sacerdote gritava para os crentes que Mitra ressuscitara, indo para o
céu para proteger a humanidade.
Os ritos do budismo, do mitraísmo e do cristianismo são
muito semelhantes. Horus foi o deus solar e redentor dos egípcios.
Horus, como os deuses já citados, também nasceria de uma virgem. O
nascimento de Horus era festejado a 25 de dezembro.
Amenófis III criou um mito religioso, que depois foi
adaptado ao cristianismo. Trata-se da anunciação, concepção, nascimento e
adoração de Iath. Nas paredes do templo, em Luxor, encontram-se os
referidos mistérios.
Baco, o deus do vinho, foi também um deus salvador. Teria
feito muitos milagres, inclusive a transformação da água em vinho e a
multiplicação dos peixes. Em criança, também quiseram matá-lo.
Adonis era festejado durante oito dias, sendo quatro de dor
e quatro de alegria; as mulheres faziam as lamentações, como as
carpideiras pagas de Portugal. O rito do Santo Sepulcro foi copiado do
de Adonis. Apagavam todos os círios, ficando apenas um aceso, o qual
representava a esperança da ressurreição. O círio aceso ficava
semiescondido, só reaparecendo totalmente no momento da ressurreição,
quando então o pranto das mulheres era substituído por uma grande
alegria.
Também os fenícios, muitos milênios antes, já tinham o rito da paixão, do qual copiaram o rito da paixão de Cristo.
Todos os deuses redentores passaram pelo inferno, durante
os três dias entre a morte e a ressurreição. Isto é o que teria
acontecido com Baco, Osiris, Krishna, Mitra e Adonis. Nestes três dias,
os crentes visitavam os seus defuntos, segundo Dupuis, em “L’ Origine
des tous les cultes”.
Todos os deuses redentores eram também deuses-sol, como
Átis, na Frígia; Balenho, entre os celtas; Joel, entre os germanos; Fo,
entre os chineses.
Assim, antes de Jesus Cristo, o mundo já tivera inúmeros
redentores. Com este ligeiro apanhado da mitologia dos deuses, deixamos
patente a origem do romance do Gólgota. Acreditamos ter esclarecido
quais as fontes onde os criadores do cristianismo foram buscar
inspiração.
Re: Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
XIII Jesus Cristo, uma Cópia Religiosa
O precedente estudo permite-nos constatar que, nas diversas épocas da
história, as religiões transformam-se, variando em razão da
complexidade cada vez maior das sociedades em que elas existem.
Vimos que a crença em um deus redentor é muito anterior ao
judaísmo, sempre ligada à ânsia da necessidade de redenção das tremendas
aflições do populacho.
Quanto a Jesus Cristo, resultou de uma série de
mitos, que os hebreus copiaram dos babilônicos, dos egípcios e de outros
povos, visando com isto dar consistência ao judaísmo.
Estudos filológicos forneceram as bases para o
estabelecimento de um traço de união entre as crenças dos deuses
orientais e o judaísmo.
Tomemos, por exemplo, as palavras Ahoura-Mazzda e
Jeová, que significam “O que é”. Partindo de velhas lendas orientais, e
baseando-se na origem comum da palavra, foi compilado o Gênese, numa
tentativa de explicar a criação do mundo.
Segundo o Zend-Avesta, o Ser
Eterno criou o céu e a terra, o sol a lua, as estrelas, tudo em seis
períodos, aparecendo o homem por último.
O descanso foi posto no sétimo dia. Manu havia ensinado,
muito antes, que no começo tudo era trevas, quando Bhrama dispersou-as,
criou e movimentou a água;
Em seguida produziu os deuses secundários, os
anjos dirigidos por Mossura, os quais posteriormente rebelar-se-iam
contra Deus. Veio então Shiva, e arrojou-os ao inferno.
Shiva tornou-se a
terceira pessoa da Santíssima Trindade Bhramânica em consequência das
sucessivas invasões bárbaras sofridas pela Índia.
Os bárbaros, crendo em
Shiva, o deus da lascívia e do sensualismo, impuseram sua inclusão, com
o que surgiu a trindade divina de Bhrama.
Manu ensinara igualmente que Deus criara o homem e a
mulher, fazendo-os apenas inferior a Devas, isto é, Deus. O primeiro
homem recebera o nome de Adima ou Adam, e a primeira mulher, Heva,
significando o complemento da vida.
Foram postos no paraíso celeste e
receberam ordem de procriar. Deveriam adorar a Deus, não podendo sair do
paraíso.
Mas, um dia, indo ver o que havia fora dali, desapareceram.
Bhrama perdoou-os, mas expulsou-os, condenando-os a trabalhar para
viver. E disse que, por haverem desobedecido, a terra tornar-se-ia má,
porque o espírito do mal dela se apoderara.
Entretanto, mandaria seu filho Vishnu que, se encarnando em
uma virgem, redimiria a humanidade, libertando-a definitivamente do
pecado da desobediência.
Ormuzd teria prometido ao primeiro casal humano que, se
fossem bons, seriam felizes na terra. Mas Arimã mandou que um demônio em
forma de serpente aconselhasse a desobedecerem a deus.
Comeram os
frutos que Arimã lhes deu, acabou a felicidade humana, e todos os que
nascessem daí em diante seriam infelizes. Sendo levados cativos para a
Babilônia, os judeus ali encontraram tal lenda.
Libertos, voltando à
Judeia, trouxeram essa crendice, como também a crença da imortalidade da
alma e da vida futura, dos espíritos bons e espíritos maus, surgindo
daí os anjos Gabriel, Miguel e Rafael, os querubins e serafins. Nasceu
daí o mito do diabo, o anjo rebelado.
A palavra paraíso é o termo persa que significa jardim. Os
persas, os hindus, os egípcios e os gregos criam no paraíso. Da mesma
forma, todos eles criam no inferno.
Entretanto, as crenças antigas
desconheciam as penas eternas, que foram criadas pelo cristianismo,
aliás, uma das poucas coisas originárias dessa crença.
Também o
purgatório, naturalmente, é outra novidade do cristianismo, sendo
desconhecido do judaísmo. A ideia do purgatório vem de Platão, que havia
dividido as almas em puras, curáveis e incuráveis.
Os filhos de Adima e Heva haviam-se tornado numerosos e
maus.
Por isso, Deus mandou o dilúvio para matá-los. Mas deu ordem a
Vadasuata para construir um barco e nele entrar com a família, devido ao
fato de ser um homem virtuoso.
Deveria levar consigo, além da família,
um casal de cada espécie de animal existente: esta é a história do
dilúvio relatada nos Vedas, e que foi incluída na Bíblia dos cristãos.
As origens do cristianismo repousam, incontestavelmente,
nas lendas e crenças dos deuses mitológicos, não apenas dos judeus, mas
também de outros povos.
Os caldeus e os fenícios, como os judeus, haviam-se
especializado no comércio, e por dever de ofício, alfabetizaram-se.
Assim, sabendo ler e escrever, puderam copiar as lendas e o folclore dos
povos com os quais comerciavam e conviviam, os quais puderam adquirir
longevidade e fixar-se melhor na memória humana.
Sendo comerciantes por excelência, os judeus perceberam que
a religião poderia tornar-se uma boa mercadoria, através da qual
adviria o domínio de muitos povos e vontades.
Desta forma, tendo
compilado o que julgaram mais interessante ou mais proveitoso em relação
aos seus propósitos, passaram a difundir pelo mundo as suas ideias
religiosas.
Com isto, o conhecimento e a razão foram substituídos pelas
crendices e superstições religiosas.
Desde há muito a religião tem servido para moderar os
impulsos humanos, sobretudo daqueles que pertencem a uma classe social
menos favorecida.
Salientamos o prejuízo que o mundo tem sofrido com o
rebaixamento mental imposto com as crenças e superstições religiosas,
com o que o conhecimento sofre uma estagnação sensível.
No entanto, o homem tem-se deixado levar pelas crenças e
práticas religiosas sem que nenhum benefício lhe advenha em retribuição.
O homem tem feito tudo por si mesmo, apesar de sua religiosidade. A
única classe beneficiada realmente com a religião é a dos sacerdote.
Retornamos ao assunto em pauta, após uma rápida digressão. A
Bíblia cita dez patriarcas que teriam morrido em idade avançada, antes
do dilúvio.
Contudo, essa lenda provém da tradição caldáica, segundo a
qual dez reis governaram durante 432 anos. Da mesma forma, as lendas
hindus, egípcias, árabes, chinesas ou germânicas fazem referência a
homens que teriam tido uma longa vida, como a do Matusalém da Bíblia.
Igualmente, a lenda de Abraão, que deveria sacrificar o seu
filho Isaac, procede de lendas anteriores ao judaísmo. O livro das
profecias hindus relata uma história igual.
Ramatsariar conta que
Adgitata, protegido de Bhrama, por ser um homem de bem, teve um filho
que nasceu tão milagrosamente como Jesus. Entretanto, Bhrama, para
experimentá-lo, ordena-lhe que sacrificasse o filho.
Ele obedece, mas
Bhrama impede-o no momento exato, seu filho seria o pai de uma virgem, a
qual, por sua vez, seria a mãe de deus-homem.
José e a mulher de Putifar foi a cópia de uma velha lenda
egípcia, conforme documentos recentemente traduzidos. Era uma história
intitulada “Os dois irmãos”.
Emílio Bossi, relatando o achado, dá a palavra a Jacolliot:
“Um homem da Índia fez leis políticas e religiosas; chamava-se Manu.
Esse mesmo Manu foi o legislador egípcio, Manas.
Um cretense vai ao
Egito estudar as instituições que pretende dar ao seu pais, e a história
confirma-nos isto dizendo que esse cretense foi Minos. Enfim, o
libertador dos escravos judeus chamava-se Moisés, que teria recebido as
leis das mãos do próprio Jeová.
Temos, então, Manu, Manes, Minos e
Moisés, os quatro nomes que predominaram no mundo antigo.
Aparecem nos
albores de quatro diversos povos para representar o mesmo papel,
rodeados da mesma auréola misteriosa, os quatro são legisladores,
grandes sacerdotes e fundadores das sociedades teocráticas e
sacerdotais.
Esses quatro nomes têm a mesma raiz sânscrita. O hinduismo
deu origem ao judaísmo. Por isso, de Jeseu Krishna fizeram Jesus
Cristo”.
Documentos recentemente estudados mostram terem sido os
hindus os prováveis colonizadores do Egito. A documentação demonstra que
o conhecimento nasceu do saber hindu.
A assiriologia mostra que a lenda de Moisés foi copiada da
de Sargão I, rei acádio, que igualmente teria sido salvo em um cesto
deixado no rio, à deriva.
A lenda de Sansão é outro exemplo. Sansão representa o sol.
O poder que lhe foi atribuído é o mesmo dos deuses solares. E, assim,
examinando os escritos de antigas civilizações, chegamos ao conhecimento
das origens de tudo o que a Bíblia narra como fatos reais.
Concluímos
então que Jesus Cristo nada mais representa que uma cópia das lendas e
mitos dos deuses adorados por povos os mais remotos e variados.
XIV Os Deuses Redentores
Percebendo a importância da luz do sol sobre a terra, o homem
imaginou que essa luz seria uma emanação protetora de Deus. Da ideia de
que existia um único sol, surgiu o monoteísmo, isto é, a crença em um só
Deus.
Das palavras Devv e Divv, que em sânscrito significam sol e
luminoso, originou-se a palavra deus. Daí, em grego, a palavra Zeus; em
latim, deo; para os irlandeses, dias; em italiano dio, etc.
A parte do tempo em que a terra recebe a luz do sol recebeu
o nome dia em oposição ao período de trevas, a noite. O dia teria sido
um presente divino, graças à luz solar.
Conseguindo produzir o fogo,
aumentou a crença humana no deus sol. Graças ao fogo, o homem pôde
libertar-se de um dos seus maiores inimigos, que era o frio, assim como
passou a cozinhar os seus alimentos.
Devendo cada vez mais a vida ao
calor, a gratidão do homem para com o sol cresceu ainda mais. Foi assim
que nasceu o mito solar, do qual Jesus Cristo é o último rebento.
Por uma série de ilações, chegaram igualmente à concepção
do significado místico da cruz. Dos raios solares foi criada uma cruz,
espargindo raios por todos os lados.
Da mesma forma foi a ideia do
Espírito Santo, um espírito benfazejo, que irradia a bondade divina.
Depois a sequência mística do sol, o fogo e o vento, dando origem a
Salvitri, Agni e Vayu, do mito védico.
O rito védico celebra o nascimento de Salvitri, o deus-sol,
em 25 de dezembro, no solstício, quando aparecem as refulgentes
estrelas.
As estrelas trazem a boa nova, a perspectiva de boas
colheitas. Daí os sacrifícios e os ritos propiciatórios oferecidos ao
deus-sol. Assim os cristãos encontraram o seu Jesus Cristo.
A vida dos deuses redentores é a vida do sol. Por isso,
todos eles tiveram suas datas de nascimento fixadas em 25 de dezembro:
Mitra, Horus e Jesus Cristo.
Também é simbólica a ressurreição na
primavera, tempo da germinação e das folhas novas. Baseando-se nisto,
Aristóteles e Platão admitiram uma certa racionalidade dos que adoravam o
sol.
Heródoto e Estrabão diziam que Mitra era o deus-sol, tendo
por emblema um sol radiante. Plutarco conta que o culto de Mitra veio
para a Sicília trazido pelos piratas do mar.
Em escavações feitas no
solo italiano, foram encontradas placas de barro solidificados ao sol
trazendo esta inscrição: “Deo Soli Invicto Mitrae”, lembrando o deus dos
persas.
Niceto escreveu que certos povos adoraram a Mitra como o deus do fogo, outros como sendo o deus-sol.
Júlio Fírmino Materno disse que Mitra era a personificação do deus fogo, enquanto Aquelau considerava-o o deus-sol.
São Paulino descreveu os mistérios de Mitra como sendo os
de um deus solar e redentor. Karneki, rei hindo-escita, no começo de
nossa era, mandou cunhar moedas em que se vê a efígie de Mitra dentro de
um sol radiante.
Mitra ainda era representado com um disco solar na
cabeça, segurando um globo com a mão esquerda. Do mesmo modo os cristãos
representam Jesus Cristo.
Era o Senhor. Ao surgir o cristianismo, os
cristãos primitivos ainda chamavam o sol de “Dominus”, com o que,
lentamente, foi absorvendo o ritual mitráico.
No Egito, o sol era o “Pai Celestial”. Um obelisco trazido
para o Circo Máximo de Roma trazia esta inscrição: “O grande Deus, o
justo Deus, o todo esplendente”, tendo um sol espargindo seus raios para
todos os lados.
Da mesma forma, todos os deuses dos índios americanos
pertenciam ao rito solar, assim como os deuses dos hindus, dos chineses e
japoneses.
Os caldeus, adorando o sol como seu deus, dedicaram-lhe a
cidade de Sípara, onde ardia o fogo sagrado, eternamente, em sua honra.
Em Edessa e em Palmira foram encontrados templos dedicados ao deus-sol.
Orfeu considerava o sol como sendo o deus maior. Agamenon disse que o
sol era o deus que tudo via e de que tudo provinha.
Os judeus e os líderes do cristianismo, para a formação
deste, só tiveram de adaptar as crenças e rituais antigos a um novo
personagem: Jesus Cristo. Toda a roupagem necessária para vestir o novo
deus preexistia. Apenas fazia-se necessário amoldá-la um pouco.
XV Jesus Cristo É um Mito Solar
Tendo em vista o completo silêncio histórico a respeito de Jesus
Cristo, bem como as evidentes ligações deste com o mito dos
deuses-solares, Dupuis escreveu o seguinte:
“Um deus nascido de uma
virgem, no solstício do inverno, que ressuscita na Páscoa, no equinócio
da primavera, depois de haver descido ao inferno; um deus que leva atrás
de si doze apóstolos, correspondentes às doze constelações;
Que põe o
homem sob o império da luz, não pode ser mais que um deus solar, copiado
de tantos outros deuses heliosísticos em que abundavam as religiões
orientais.
No céu da esfera armilar dos magos e dos caldeus via-se um
menino colocado entre os braços de uma virgem celestial, a que
Eratóstenes dá como Ísis, mãe de Horus.
Seu nascimento foi a 25 de
dezembro. Era a virgem das constelações zodiacais. Graças aos raios
solares, a virgem pôde ser mãe sem deixar de ser virgem…
Via-se uma
jovem ‘Seclanidas de Darzana’, que em árabe é ‘Adrenadefa’, e significa
virgem pura, casta, imaculada e bela… Está assentada e dá de mamar a um
filho que alguns chamam de Jesus e, nós, de Cristo”.
Já vimos que Jesus repete todos os mistérios dos deuses
solares e redentores, pelo que Heródoto, Plutarco, Lactâncio e Firmico
puderam afirmar que esse deus redentor é o sol. De modo que Jesus é
apenas mais um deus solar.
Ainda hoje, grande parte do rito cristão é de origem solar.
Na Bíblia, encontramos estas palavras: “Deus estabeleceu sua tenda no
sol”, e ainda: “Sobre vós que temeis o meu nome, levantar-se-á o sol da
justiça e vossa vida estará em seus raios”.
João diz que “o verbo é a lei, a luz e a vida, a luz que
Ilumina a vista de todos os mortais, a luz do mundo”. E ainda chama a
Jesus de o “cordeiro”, o “Agnus Dei qui tollit peccata mundi”.
Com isto,
o Apocalipse fez de Jesus o “cordeiro pascal”, e a Igreja adorou-o sob a
forma de um cordeiro até o ano de 680. Era o Cristo o Áries zodiacal,
vindo de Agnus, com a significação de fogo, o sol condensado.
Origenes justificava a adoração do sol tendo em vista a sua luz sensível e também pelo aspecto espiritual.
Tertuliano reconheceu que o dogma da ressurreição tem sua
origem na religião persa de Mitra. Para S. Crisóstomo, Jesus era o sol
da justiça, para Sinésio, o sol intelectual. Fírmico Materno descreveu
Jesus baixando ao inferno, esplendente como o sol.
O domingo, o dia do Senhor, o dia do descanso, procede de Dominus, o deus-sol, o Senhor.
Segundo Teodoro e Cirilo, para o maniqueus Cristo era o
sol. Os Saturnilianos acreditavam que a alma tinha substância solar,
deixando o corpo e voltando para o sol, de onde proviera, após a morte.
O antigo rito do batismo determinava que o catecúmeno
voltasse o rosto em primeiro lugar para o ocidente, para retirar de si a
Satanás, símbolo das trevas.
Igualmente, as festas do sábado santo são reminiscências do
mito da luta do sol contra as trevas, na Páscoa. As orações desse
ofício são cópia dos hinos védicos.
A palavra aleluia, que era o grito
de alegria dos persas, adoradores do sol, quando na Páscoa festejavam a
sua volta, significa: elevado e brilhante.
Foram necessários muitos séculos para que a igreja pudesse
alienar um pouco do que lembrava que o seu culto era de um deus solar.
Entretanto, a história escrita é inflexível, e demonstra que todos os
deuses redentores ou solares foram tão adorados quanto o mitológico
Jesus Cristo.
E embora tenha havido longas fases em que foram impostos a
ferro e fogo, nem por isto deixaram de cair, nada mais sendo hoje do
que o pó do passado religioso do homem.
O certo é que Jesus Cristo é mitológico de origem, natureza
e significação. O seu surgimento ocorreu para atender à tendência
religiosa e mística da maioria;
Que ainda hoje teme as realidades da
vida e, portanto, procura, para orientar-se, algo fora da esfera humana,
na esperança de assim conseguir superar a si mesmo e aos obstáculos que
surgem quotidianamente.
O cristianismo é produto de tendências naturais de uma
época, aproveitadas espertamente pelos líderes do cristianismo. O judeu
pobre e oprimido, não tendo para quem apelar, passou a esperar de Deus
aquilo que o seu semelhante lhe negava.
O sacerdote, valendo-se do
deplorável estado de espírito de uma população faminta e, sobretudo,
desesperançada, ressuscitou um dentre os velhos deuses para restaurar a
esperança do povo judeu.
E, assim, surgiu mais um mito solar, mais um
deus com todos os atributos divinos, tal como os que antecederam. O novo
deus solar em questão é Yeshua Ha-Mashiach ou o Jesus Cristo do cristianismo.
Re: Testemunho de Flávio Josefo Sobre o falso Cristo!
XVI Outras Fontes do Cristianismo
Conforme temos dito repetidas vezes, o cristianismo tomou por
empréstimo tudo quanto se fez necessário à sua formação. Assim, todos os
ensinamentos atribuídos a Cristo foram copiados dos povos com os quais
os judeus tiveram convivência.
A sua moral, a moral que Cristo teria
ensinado, aprendeu-a com os filósofos que o antecederam em muitos
séculos.
De sorte que não há inovações em nenhum setor ou aspecto do
cristianismo. Antigos povos, milênios antes, adoraram seus deuses
semelhantemente.
Dentre as máximas adotadas pelo cristianismo, comentaremos a
seguinte: “Não faças aos outros o que não queres que a ti seja feito”.
Este ensinamento não teria partido de Jesus, conforme pretendem os
cristãos, não sendo sequer uma máxima cristã, originariamente.
Encontrá-la-emos em Confúcio, e ainda no bramanismo, no
budismo e no mazdeismo, fundado por Zoroastro. Era uma orientação
filosófica e religiosa, adotada pelos hindus.
A originalidade do
cristianismo consistiu apenas em criar as penas eternas, um absurdo
desumano e irracional. Enquanto isso, o mazdeismo cria a possibilidade
de regeneração do pior bandido, admitindo mesmo a sua plena reintegração
no seio da sociedade.
O perdão aos inimigos foi, muito antes de Jesus,
aconselhado por Pitágoras. Os egípcios religiosos praticavam uma moral
muito elevada.
No “Livro dos Mortos” encontramos a confissão negativa,
de acordo com a qual a alma do morto comparecia ante o tribunal de
Osiris e proferia em alta voz as suas más ações.
O sentimento de igualdade e fraternidade para com os homens
foi ensinado por Filon. O cristianismo adotou os seus ensinamentos,
atribuindo-os a Jesus.
São de Filon as seguintes palavras: “Os que
exaltam as grandezas do mundo como sendo um bem, devem ser reprimidos.”;
“A distinção humana está na inteligência e na justiça, embora partam do
nosso escravo, comprado com o nosso dinheiro.”;
“Porque hás de ser
sempre orgulhoso e te achares superior aos outros?”; “Quem te trouxe ao
mundo? Nu vieste, nu morrerás, não recebendo de Deus senão o tempo entre
o nascimento e a morte, para que o apliques na concórdia e na justiça,
repudiando todos os vícios e todas as qualidades que tornam o homem um
animal”;
“A boa vontade e o amor entre os homens são a fonte de todos os
bens que podem existir”. Como vemos, não há nada de novo no
cristianismo do Novo Testamento.
Platão salientou a felicidade que existe na prática da
virtude. Ensinou a tolerância à injúria e aos maus tratos, e condenou o
suicídio.
Recomendou o humanismo, a castidade e o pudor, e condenou a
volúpia, a vingança e o apego demasiado aos bens. Sua moral baseou-se na
exaltação da alma, no desprezo dos sentidos e na vida contemplativa.
O Padre Nosso foi copiado de Platão. Quem conhece bem a obra de Platão
percebe os traços comuns entre a mesma e o cristianismo. Filon
inspirou-se em Platão e, a Igreja, na obra de Filon, que helenizou o
judaísmo.
Aristóteles afirmou que a comunidade repousa no amor e na
justiça. Admitia a escravatura, mas libertou os seus escravos. Poderiam
existir escravos, mas não a seu serviço.
A comunidade deveria instruir a
todos, independentemente da classe social, com o que ensinou o
evangelho aos Evangelhos.
A abolição do sacrifício sangrento não foi introduzida pelo
cristianismo. Não lhe cabe tal mérito. Gélon, da Sicília, firmando a
paz com os cartagineses, estipulou como condição a supressão do
sacrifício de vidas animais aos seus deuses.
Sêneca aconselhava o domínio das paixões, a insensibilidade
à dor e ao prazer. Recomendava igualmente a indulgência para com os
escravos, dizendo que todos os homens são iguais.
Referia-se ao céu como
fazem os cristãos, afirmando que todos são filhos de um mesmo pai.
Concebia como pátria o Universo. Os homens deveriam se ajudar e se amar
mutuamente.
Enquanto isso, o humanismo cristão limitou-se apenas aos
irmãos de fé. O bem visa somente a salvação da alma, o que é egoísmo,
nunca humanismo.
Sêneca manifestou-se contrário à pena de morte; o
cristianismo, ao contrario, é responsável por inúmeras execuções.
Admitia a tolerância mesmo em face da culpa. Em vez de perseguir e
punir, por que não persuadir, ensinar e converter?
Epíteto e Marco Aurélio foram bons professores dos
cristãos. Os filósofos greco-romanos foram grandes mestres da moral
cristã e da consolação, sem que para isto criassem empresas, negócios ou
castas.
O cristianismo existente antes de Jesus Cristo já pregava a
moral anterior ao martírio do Gólgota. A moral cristã não veio de Jesus
Cristo nem dos Evangelhos, mas nasceu da tendência natural para o
aperfeiçoamento do homem.
Não fosse a destruição sistemática de antigas
bibliotecas, determinada pelo clero no intuito de preservar os seus
escusos interesses, hoje seria possível patentear com documentos à mão
que a moral anterior à cristã era bem melhor do que esta, tendo-lhe
servido de modelo.
Assim, vê-se que a moral jamais foi patrimônio de
castas ou de indivíduos, sendo uma lenta conquista da humanidade, com ou
sem religião, e mesmo contra ela.
Por isso é que o mundo racionaliza-se
continuamente, e avança sempre no sentido do seu aperfeiçoamento. A
bondade humana independe da ideia religiosa. A razão ensina-nos o que
devemos ao nosso meio social, independentemente da fé e da religião.
Para justificar o aparecimento de Jesus, fez-se necessário recorrer a
uma moral que, no entanto, já era um patrimônio da humanidade. Jesus
nada mais foi do que a materialização de qualidades que já existiam.
Por isso, mesmo em moral, Jesus foi ator, não autor. O cristianismo apenas
sistematizou e industrializou essa velha moral, estabelecendo-a como um
rendoso comércio.
A Igreja é responsável pela deturpação dessa moral.
Havia a moral pela moral, que foi substituída pela moral bíblica, em que
só se é bom para ganhar o céu.
Superpondo-se um grupo empresarialmente forte, extinguiu-se a moral individual.
XVII
Judaísmo e Cristianismo
Pesquisas recentes e estudos comparados têm demonstrado que a
mitologia judaico-cristã é bem anterior ao próprio judaísmo, quando se
percebe que dogmas como o da imortalidade da alma, da ressurreição e do
Verbo encarnado são muito anteriores ao cristianismo.
A imortalidade da alma já era multimilenar quando os judeus
foram levados cativos para a Babilônia. Zoroastro ensinara, muito
antes, ser a alma imortal, e que essa imortalidade seria produto de uma
opção humana.
O livre arbítrio levaria o homem a escolher uma vida que o
levaria ou não à imortalidade. O erro e o mal produziriam a morte
definitiva, a prática do bem, a imortalidade.
Do mesmo modo, na Ciropédia, bem anterior a Zoroastro,
lê-se que Ciro, moribundo, disse: “Não creio que a alma que vive em um
corpo mortal se extinga desde que saia dele, e que a capacidade de
pensar desapareça apenas porque deixou o corpo que não tem como pensar
por si mesmo”.
Por outro lado Einstein, pouco antes de morrer, declarou
não crer que algo sobrasse do ser vivo após a morte.
Os egípcios, os hindus, os sumérios, os hititas e os fenícios criam na imortalidade da alma.
A ressurreição foi um dos fundamentos do Zend-Avesta.
Zoroastro também ensinou que o fim do mundo seria precedido por um
grande acontecimento, a ser predito por profetas.
Os persas tiveram os
seus profetas, que foram Ascedermani e Ascerdemat, os quais passaram à
Bíblia sob os novos nomes de Enock e Elias, entidades míticas, como se
vê. Desses mitos surgiram o Talmud e os Evangelhos, o que mostra que, em
religião, a ideia original pertence à noite dos tempos.
A doutrina do Verbo já era antiquíssima no Egito. Deus
teria gerado Kneph — a palavra, o Verbo —, que é igual ao pai. Da união
de Deus com o Verbo nasceu o fogo, a vida, Fta, a vida de todos os
seres.
O monoteísmo e a Santíssima Trindade eram crenças muito
antigas na Índia. Os deuses únicos e os deuses secundários são uma velha
doutrina oriental.
A religião greco-romana já possuía o seu Apolo e
Zeus, acolitados por uma porção de deuses secundários. Essas velhas
lendas deram origem ao Deus do cristianismo, com toda sua corte de
santos e anjos.
O politeísmo de há muito vinha caminhando para o
monoteísmo. Os gregos já haviam concebido a ideia de um intermediário
entre os homens e Júpiter, que era Apolo, tendo-se encarnado para
redimir os homens.
Porfírio citou o seguinte oráculo de Serapis: “Deus é antes
e depois e ao mesmo tempo, é o Verbo e o Espírito, como um e outro”.
O mundo antigo cria em um Deus único, pai de todas as
coisas, afirmou Máximo de Tiro. O povo então já dizia: Deus o sabe! Deus
o quer! Deus o abençoe! Os oráculos só se referiam a Deus e não aos
deuses.
Os apologistas do cristianismo, tais como Eusébio,
Agostinho, Lactâncio, Justino, Atanásio e muitos outros, ensinavam que
unidade de Deus era conhecida desde a mais remota antiguidade. Os
órficos, inclusive, admitiam-na.
Na Bíblia, ao ser traduzido para o grego e para o latim, o
nome de Deus passou a ser muitas vezes Senhor, Dominus, para ficar
conforme o nome do Deus-sol do mitraísmo.
O amor a Deus foi a base de todas as religiões copiadas
pelo judaísmo. Isaías falava de Deus como Pai Celestial. Ezequiel dizia
que Deus não queria a morte do pecador, preferindo antes a sua
conversão.
O justo viverá eternamente pela fé. São palavras de Habacuc,
repetidas por Paulo em Gálatas 3:2.
Como vimos, a doutrina do Verbo vem de Platão, tendo sido
este o intermediário entre os metafísicos e os cristãos.
Foi ele quem
concebeu a ideia da separação do corpo e da alma, e pôs aquele na
dependência desta. Na sua opinião, a terra era o desterro da alma.
Foi o
criador do sistema filosófico da decadência moral do homem, fazendo dos
sentidos uma ameaça, do mundo um mal, e da eternidade o delírio, o
sonho.
Cícero e Sêneca tinham ideias cristãs, mas não conheceram a
Jesus Cristo nem ao cristianismo. Agostinho leu as obras de Cícero e
trocou o maniqueísmo pelo cristianismo.
A Igreja procurou destruir as
principais obras de Cícero e de Sêneca para que a posteridade não
percebesse que eles não tinham sido cristãos seguidores de Cristo, mas
apenas que as suas ideias coincidiam com as que o cristianismo esposou.
O cristianismo nasceu da helenização do judaísmo. Os
cristãos terapeutas abandonaram o judaísmo ortodoxo porque este tinha
posto de lado o culto nacional do templo e o sacrifício Pascal,
retirando-se para uma vida contemplativa nos montes, longe dos homens e
dos negócios.
Estabeleceram uma sociedade comunal, considerando o
casamento um apego à carne, um empecilho à salvação da alma, com o que
proscreveram os principais prazeres da vida, exaltando o celibato e a
pobreza, como os essênios, além de aconselhar a caridade.
Eusébio chamou aos terapeutas de cristãos sem Cristo. Para
ele, um terapeuta era um autêntico cristão. Isto levou Strauss a
escrever: “Os terapeutas, os essênios e os cristãos dão sempre muito o
que pensar”.
A doutrina dos essênios, a moral dos terapeutas, a
encarnação do Verbo, vinda do judaísmo helenizado, é o cristianismo de
Filon.
Desse modo, Filon foi criador do cristianismo, sem o saber. Ele
refere-se ao Verbo nos termos da mitologia egípcia, sem, contudo,
mencionar a crença em Jesus Cristo.
Salomão fez da sabedoria divina a criação. O Livro da
Sabedoria define a natureza desse principio intermediário, transformando
o pensamento vago do rei judeu sobre a sabedoria da doutrina do Verbo.
Sirac, em “Eclesiástico”, faz a doutrina do Verbo ser mais
precisa: “A sabedoria vem de Deus, estando sempre com ele. Foi criada
antes de todas as coisas.
A voz da inteligência existe desde o
principio. O Verbo de Deus, no mais alto do céu, é a fonte da sabedora”!
Filon disse que o Verbo se fizera humano. Segundo ele, Deus era
infalível e inacessível à inteligência humana, não nos alcançando senão
pela graça divina.
Para ele, ainda, o Verbo não era apenas a palavra,
mas a imagem visível de Deus. O Verbo seria o Ungido do Senhor, o ideal
da natureza, o Adão Celeste, é a doutrina da encarnação do Verbo,
tomando a forma humana.
O Verbo é o intermediário entre Deus e os
homens. Diz ainda que o Verbo é o pão da vida. Por ai vemos que não foi o
Cristo o criador do cristianismo, mas sim Filon é que o criou.
Clemente de Alexandria, Origenes ou Paulo, assim como os
primeiros padres do cristianismo, jamais se referiram a Jesus Cristo
como tendo sido um homem que tivesse caminhado do Horto ao Gólgota, mas
tiveram-no apenas como o Verbo, conforme a doutrina de Platão e de
Filon.
XVIII
O Cristianismo sem Jesus Cristo
Está patente a existência do cristianismo sem Cristo. A existência do
clero, por outro lado, foi uma exigência bramânica. Pregando por meio
de parábolas, os sacerdotes faziam-se necessários para esclarecer o
sentido das mesmas.
Justifica-se, assim, o pagamento com as esmolas dos
crentes. Ensinavam a religião e apoderavam-se do dinheiro. Suas terras e
os templos já eram isentos dos impostos. O sumo-sacerdote não se casava
e era venerado como um deus.
No budismo, tanto os bonzos como os mosteiros são mantidos
pela comunidade, e os monges, igualmente, não se casam. O Dalai-Lama é o
Vigário de Deus, o sucessor de Fó, sendo Infalível como o Papa se diz
ser. Nos mosteiros todos se chamam de irmãos.
O clero persa era dividido em ordens hierárquicas, e tinha o
direito a um décimo da renda da comunidade. Os magos persas, como os
profetas judeus, eram puros e não trabalhavam.
No Egito, a classe mais alta era a dos sacerdotes. Elegiam o
rei e limitavam a sua ação. O povo arrendava as terras do templo. Só o
clero ensinava a religião e presidia aos sacrifícios.
O regime era
teocrata e todos tinham de submeter-se às regras eclesiásticas. O
sacerdote era o adivinho, fazia os oráculos, as profecias, os
sortilégios e os exorcismos. Afirmava ter força sobre a natureza, para o
bem da humanidade.
Os brâmanes procuravam afugentar os malefícios e as
maldições. Para isto, cultivam certas plantas, como o lótus e o cânhamo,
das quais faziam licores como o “amrita”, que possuía virtudes
milagrosas. Tinham as mesmas modalidades de expiação ainda hoje adotadas
pelo cristianismo.
As mortificações hindus são as mesmas praticadas pelos
cristãos medievais. Certos crentes carregaram durante toda a vida
enormes colares de ferro, outros, pesadas correntes de ferro.
Alguns se
marcavam com o ferro em brasa, avivando a ferida todos os dias. Muitos
vão rolando deitados até Benares, pagar ali suas promessas. Também usam
sandálias cravadas de finos pregos, os quais entram pelas solas dos pés.
No Egito, os sacerdotes de Ísis açoitavam-se em sua honra, expiando, com isso, suas próprias culpas e as do povo.
Entre os gregos havia a água lustral para as expiações e
para as propiciações. Os sacerdotes de Dodona feriam-se e os de Diana
praticavam tais coisas em seus corpos, que às vezes punham em perigo a
própria vida.
Os romanos procuravam livrar-se das calamidades públicas
oferecendo aos seus deuses sacrifícios humanos. Os Indostânicos
tornavam-se celibatários, pediam esmolas, jejuavam e isolavam-se do
convívio com outras Pessoas.
No budismo, as crianças eram ensinadas a fazer votos de
castidade. O governo concedia honras especiais ao que chegavam aos 40
anos castos.
No Egito, existiam mosteiros apropriados para os que faziam
votos de castidade. Também os sacerdotes de Baco, na Grécia, faziam
tais votos.
Os sacerdotes de Cibele eram castos e castrados. Em Roma, as
vestais viviam em mosteiros, indo para eles até aos seis anos de idade,
e juravam não deixar extinguir-se o fogo sagrado e manterem-se virgens.
A que faltasse ao juramento seria enterrada viva e, o amante, condenado
à morte.
Os budistas consagravam o pão e o vinho, representando o
corpo e o sangue de Agni, quando os bonzos aspergiam os crentes.
Enquanto aspergem água lustral, cantam hinos ao sol e ao Fogo, o “Kirie
Eleison” que os católicos copiaram e cantam ou recitam durante a missa.
Inicialmente o sacrifício constava da imolação de uma pessoa, a qual
posteriormente foi substituída pela hóstia. Tal como o padre católico, o
sacerdote budista também lava as mãos antes das libações.
A cerimônia budista é em tudo semelhante à missa da Igreja Católica.
Os persas tinham, em seus ritos religiosos, a eucaristia,
ou seja, a mesma oferenda do pão e do vinho que também consta do ritual
da missa, bem como o Pater Noster, o Credo e o Confiteor.
Na Grécia, rezava-se pela manhã e à noite. Os etruscos
juntavam as mãos quando oravam. Também a confissão lá era praticada
pelos persas.
O ritual do catolicismo tem muito do ritual mitraico,
assim como a vestimenta dos sacerdotes católicos foi copiada do figurino
dos sacerdotes de Mitra.
Muitas das religiões pré-cristãs já festejavam a Páscoa e a
Natividade. Os persas inclusive dedicaram um dia aos mortos. E, no dia
em que o filho começava a receber instrução religiosa, havia festa na
casa dos pais.
Entre os gregos, cada dia da semana era dedicado a um deus.
Os Hindus viviam peregrinando de um templo para outro.
Criam na existência de dias bons e dias maus, como também em sortilégios
e malefícios.
Cada pessoa era dedicada a um anjo que a protegia desde o
nascimento, os chamados anjos da guarda. Benziam as vacas, os instrumentos agrícolas e animais
domésticos.
A história do passado religioso do homem está repleta de
virgens puras e belas, que são as mães dos deuses. Maria, mãe de Jesus
Cristo, é apenas mais uma dentre tantas outras.
Igualmente, as procissões constituem práticas
multimilenares. É antiquíssima tal modalidade de culto. Juno e Diana
passearam em andores durante muitos séculos. As cidades sempre se
enfeitaram à passagem dos santos e dos deuses.
Por aí vemos que nem Jesus nem o cristianismo têm nada de
original. A veneração das imagens já era muito anterior ao cristianismo.
Por outro lado, o judaísmo, que as baniu, não foi, entretanto, o
primeiro a tomar tal atitude.
Plutarco disse que os tebanos não as
usavam, assim como Numa Pompílio proibiu os romanos de usarem-nas,
durante o seu governo.
O batismo era uma cerimônia praticada pelos
antigos muito antes de se cogitar, sequer, do nome de cristão. Os hindus
lavam o recém-nascido em água lustral, dando-lhe um nome de um gênio
protetor.
Aos oito anos, a criança aprende a recitar os hinos ao
Deus-Sol. A extrema-unção também, de há muito antes do cristianismo, era
praticada pelos hindus.
Copiando detalhes dos ritos e cultos de uma grande
variedade de seitas, o cristianismo constituiu o seu próprio ritual,
tudo girando em torno do Deus-Sol, no qual, por fim, vestiram a roupa de
Jesus Cristo.
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